ABUNDÂNCIA

Não, não se trata de abundância de posts no blog. Muito antes pelo contrário. Acabei de ver que não escrevo nada aqui desde julho do ano passado! Que absurdo! Parece até que não gosto de escrever.

Acontece que fiquei meses sem vontade. Triste, né? Pelo menos para mim. Acho que também para você que me lê. Se está lendo é porque gosta, já que ninguém é obrigado a ler coisa nenhuma.

Bem, por que abundância? Porque foi o que o Daily Post sugeriu. E me fez pensar em uma cena que vi no domingo passado.

Cresci em meio à abundância. Não necessariamente física, embora jamais tenha passado qualquer tipo de necessidade e tenha sempre tido bem mais do que o essencial. A verdadeira abundância, porém, não está no dinheiro ou nos bens de uma pessoa. Há ricos que vivem carentes.

Traduzi ontem uma citação impactante de Madre Tereza:

Indesejados, desamados, desamparados, esquecidos por todos. Creio que esses são muito mais pobres do que a pessoa que não tem o que comer.

Que verdade profunda! Por isso digo que cresci em meio à abundância. Nem por um segundo em minha vida me senti esquecida por todos. Nunca me considerei indesejada ou desamparada. E não falo de família apenas. Vai muito além. Cresci em um círculo de amizade extremamente profunda que poucos neste mundo experimentam.

Para descrever a cena que aconteceu no domingo, preciso explicar que os personagens cresceram juntos, na Igreja Metodista da Asa Sul, aqui em Brasília. Nos conhecemos desde bem pequenos. Os que vieram para cá com os pais chegaram com cinco ou seis anos de idade, no máximo. Nos tornamos amigos nessa época e assim nos mantemos até hoje.

Com o passar do tempo, circunstâncias nos afastaram fisicamente, contudo o amor fraternal jamais se abalou.

Uma dessas amigas desde sempre é a Lena. Ainda jovem, se casou com o Ivan. Ele não cresceu em nossa comunidade, chegou mais tarde, mas como acontece nas famílias, se tornou um de nós por causa da esposa. A vida seguiu, Lena e Ivan deixaram de fazer parte de nossa comunidade de fé, mas ninguém deixa de ser membro da família Metodista da Asa Sul. Uma vez parente, parente para sempre.

Foi em profunda tristeza que recebemos no sábado a notícia de que Ivan falecera devido a um enfarte. O WhatsApp ferveu de mensagens. Todos queriam saber o que tinha acontecido, onde poderíamos encontrar Lena e os filhos para dar um abraço. Foi só no domingo à tarde. E um a um os membros da família foram chegando. Comentei com a mamãe que teriam sido uma tarde deliciosa, não fosse o fato de estarmos diante de uma cena tão triste.

Cada um que chegava derramava abundância de amor sobre a Lena. Sei que, como eu, todos queriam tirar do rosto dela aquele ar de dor. Depois de abraçá-la, fiquei por perto um pouco e vi que meu irmão e Baby, também membro da família Metodista da Asa Sul, se aproximavam da Lena, um de cada lado, um sem ver o outro. De repente, fizeram um sanduíche com a Lena no meio. Ali ficaram abraçados, chorando com ela. Abundância. Dá para voltar o tempo? Não é possível sermos jovens de novo, tendo como única preocupação quem está namorando com quem?

Diante das tragédias da vida, vivo em abundância. Abundância de amor, cuidado, carinho. Quando a tragédia é do outro, me doo. Quando é minha, recebo. E assim, sigo, em abundância.

Dinheiro? Não, não tenho.

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