37) FELIZ DESANIVERSÁRIO, DONA NANCY!

A notícia do falecimento de Dona Nancy, ontem, me deixou muito triste. Lembrei-me de que nunca concluí meu projeto de 50 histórias para os 50 anos da IMAS, então, decidi contar um fato muito engraçado que aconteceu, envolvendo Dona Nancy.

Mulher doce, sempre sorrindo, simpática, extremamente delicada com todo mundo. Ser esposa de pastor nunca é fácil. Ela soube desempenhar sua função com maestria. Com certeza tinha seus momentos de perder o controle, mas eu nunca vi. E olha que a gente entrava e saía da casa dela a qualquer hora do dia ou da noite.

Foi na casa dela que conheci creme de milho com molho branco! Um jantar que ela, Rev. Garrison e Márcia ofereceram para nossa família. Foi lá, também, que conheci brownies, num tempo de mundo ainda não globalizado. Ah, e foi a Márcia que me apresentou ao que se tornou, durante muito tempo, meu passatempo predileto: os quebra-cabeça de mil peças.

Bem, passemos à história, rindo um pouco em meio à tristeza da perda, relembrando tempos felizes.

A família Garrison chegou a Brasília logo no início do ano para começar seu longo e delicioso (pelo menos para nós, espero que tenha sido para eles também) período na Igreja Metodista da Asa Sul. Jane e John estudavam nos Estados Unidos, Nanneth, já casada, também morava lá. Mas veio a Márcia! Nosso pastor tinha uma filha adolescente! Estávamos empolgados. E a amizade nasceu, a Márcia virou a nossa Cocota – era assim que a chamávamos e, se ficarmos na companhia dela algum tempo, provavelmente chamaremos até hoje.

Voltemos à chegada da família. Creio que foi em janeiro, porque eu não estava em Brasília, estava na praia. Sei que era já meados de fevereiro quando minha tia Sarah, então secretária da Classe dos Adultos da Escola Dominical, entregou à Dona Nancy uma fichinha para ela preencher com os dados pessoais. Assim que recebeu a ficha de volta, minha tia partiu para a ação:

– Pessoal, Dona Nancy preencheu a ficha da ED, e eu vi que o aniversário dela é nesta semana. Precisamos fazer um Assustado para ela.

Assustado era exatamente assustar o aniversariante. Chegava todo mundo de surpresa à casa do homenageado. Não éramos totalmente doidos. Cada um levava um pratinho de doce ou salgado e um refri. E assim acontecia a festa. Como era a esposa do pastor que acabara de chegar, a igreja toda se mobilizou, ansiosa para fazer a família se sentir bem-vinda.

Na noite de sábado, foi aquela semi-multidão para a casa do pastor. Todo mundo com pratinho, refri e presente. Cada um que chegava abraçava Dona Nancy, dava parabéns, aquelas coisas todas de brasileiro expansivo. A família pastoral estava meio sem graça, o ambiente estava estranho. Até que Dona Nancy teve coragem e falou, hesitante:

– Mas hoje não é meu aniversário! Eu faço aniversário em dezembro!

A semi-multidão se virou para tia Sarah. Ela não sabia o que dizer.

– Eu vi, na ficha. A senhora escreveu 26/2!

Conversa vai e vem, os Sherlocks de plantão entenderam tudo. Elementar: ela escreveu 26.12. Tia Sarah não viu o ponto e pensou que o 1 fosse uma barra. Mistério desvendado, a festa continuou. Dona Nancy perguntou se era para devolver os presentes. Claro que não! E no dia 26/12 houve outro Assustado para ela. Só que nesse, ela não se assustou. Já conhecia a IMAS, já fazia parte da família.

36) E NÃO É QUE CRESCERAM?

Domingo fiz uma coisa feia. Matei aula. E da Escola Dominical! Pior ainda, fiquei conversando com outro aluno que também matou aula!

Tanto Amadinha quanto Jezreel hão de nos perdoar. Tínhamos ideias importantes a trocar. No meio de muitas coisas sábias que ele me falou, contou que leu a Bíblia de “cabo a rabo”, sem parar para meditar em cada passagem que chamava a atenção. Leu para captar o todo, o enredo completo. Falei que tinha vontade de fazer o mesmo há muito tempo, desde que li em um livro de Philip Yancey (creio que foi Decepcionado com Deus) que ele tinha feito isso. Conversamos sobre muitos outros assuntos. Que cara maduro! Não é à toa que é coordenador do Ministério de Ação Social da Igreja.

Resultado de nossa conversa: comecei na segunda-feira a tal leitura. Já estou em Levítico, e estou gostando muito. Contei até 7 vezes que li a Bíblia inteira, mas sempre aos pedaços, poucos capítulos a cada dia. Essa nova experiência tem me mostrado, como eu esperava, o enredo maior da história humana com Deus. Valeu, Danico!

É, isso mesmo. O homem sábio com quem conversei no domingo de manhã foi o Daniel Pinto Teixeira, o Danico, o Balboa. Quando foi que esse menino cresceu? Caramba, eu o peguei no colo! E agora ele me dá conselhos.

Coisa boa é ver a galerinha de quando eu trabalhava no Ministério Infantil circulando na vida adulta com segurança, sabedoria e fé.

De vez em quando, durante o louvor, eu paro e fico olhando Deco, Sidartha e Dudu. Fico maravilhada, chego a chorar, porque, com todas as falhas que a igreja possa ter tido, eles se mantiveram firmes no caminho do Senhor.

E não são só eles. Todos os que eram crianças junto com meus filhos e, hoje, estão circulando nos meios adultos, obtendo sucesso, chorando, rindo, vencendo e perdendo (às vezes), construindo a vida da melhor forma possível.

Amo conversar com cada um! Lúcia, a minha Lucíola, me ensina sobre alimentação! Luísa é advogada! Parece que foi ontem que ela deitava na minha cama, entre eu e Sérgio, para assistir filme, e ficava empurrando o Sérgio, dizendo que ele estava atrapalhando. Dasinho tem tanta sabedoria diante da vida, é difícil encontrar um adulto com tanto amadurecimento. Outro dia fiquei presa fora de casa. Fui salva pelo Lucas. Como assim? Ele escrevia o nome dele com faca na minha mesa!

Quando a Marina estava no início da gravidez do Gustavo, Tininha organizou um churrasco para a equipe de louvor. Juninho e Luciana estavam com a Sabrina, e ela tinha que comer. Só que não queria. Luciana insistia, e ela insistia para ir para o chão (estava no carrinho). De repente, apelou:

– Tio Duda, me ajuda!

Todos rimos, mas eu levei um susto. O Dudinha era o responsável pelo socorro. Não sou mais eu!

E eu amo ver essa galera com os filhos. No casamento do Xande (olha aí), Rafa conversou muito comigo sobre a nova direção que quer dar para a vida profissional dele, por causa da Maria Eduarda. Aliás, fico profundamente comovida quando paro e observo os pais e mães que eles todos são. Cada um. Os que citei pelo nome e os que não citei. Os que chegaram na igreja na barriga da mãe, ou os que chegaram maiorezinhos.

Todos esses, os adultos jovens de hoje, casados ou não, enchem meu coração de alegria e orgulho. E eu pergunto: quando foi que eles cresceram? Parece que nem vi…

Quero fazer um comentário especial sobre a Luciana Villar. Ela foi das que chegaram já grandinhas à igreja. E estou encantada com o trabalho que ela vem fazendo com nossas crianças. Parabéns, Luciana! Você é uma bênção na nossa comunidade! Daqui a alguns anos, vai viver o que estou vivendo hoje, e vai se alegrar ao ver que suas criancinhas também se tornaram adultos consagrados a Deus.