QUE TRAGÉDIA!!!!!!

Como ficou bem claro nos últimos posts, tenho esquemas para todas as coisas. Alguns chamam de manias, mas esse termo é meio depreciativo. Então, vamos chamar de esquema.
Quando eu decido investir meu tempo e esforço em alguma nova empreitada, meu esquema parte de um ponto muito positivo: vou estudar o assunto. Claro, compro todos os livros que posso, faço todos os cursos que possam vir a me ajudar e assim por diante. Como diz minha sábia amiga Lenira, para mim tudo vira coleção. Evidente: sou obsessiva!
Sempre gostei de escrever. Aprendi muito cedo, e me encontrei nessa atividade. Óbvio, sozinha e pensando. Tudo a ver comigo.
O que meus amados leitores leram até aqui não tem nada a ver com a tragédia. O caso é que, em um dos livros que estudei para saber como manter este blog, havia no final uma lista de temas, para aqueles dias em que nada vem à mente para registrar aqui. E hoje é um desses dias.
Meu esquema com os prompts (é assim que o livro chama os temas) foi anotar cada um em um papelzinho e colocar em uma gavetinha do meu arquivinho Betty Boop. Eu pego um e sou obrigada a escrever sobre o que vier.
Hoje, quase desisti. Faltou pouco. Cheguei a devolver o papelzinho e pegar outro. Mas perguntei a mim mesma:
– Você é uma mulher ou um saco de batata? Descobre um jeito de escrever sobre isso.
O caso é que o papelzinho mandava escrever sobre minha experiência mais triste. E eu não quero. De jeito nenhum. Prefiro o blog leve, com textos alegres, que façam rir. Pensando assim, resolvi contar o fato mais triste, se olharmos a vida pelo ângulo cômico.
Ah, assim eu gosto. E ficou fácil escolher: minha tragédia foi, em meio à depressão, engordar 25kg em pouco mais de um ano!!!!!!
No início, a depressão foi muito boazinha comigo nessa área. Emagreci, fiquei uma sílfide. Ganhava elogios que me faziam até melhorar. Depois, a maRvada me levou a engordar. Eu via o ponteiro da balança disparando e não tinha forças para fazer absolutamente nada a respeito.
Cabe ressaltar que eu pesava 62kg ao me casar. Mais de vinte anos depois, com duas gestações (uma de gêmeas!), meu peso variava entre 64 e 66kg. Era uma luta, mas eu conseguia. Malhação e dieta muito controlada. Passava meses sem comer chocolate!
De repente, tudo por água abaixo. As roupas começaram a encolher. Aliás, tudo encolheu, da cadeira do escritório à poltrona do avião. Coisa terrível. Parecia que eu tinha virado uma espécie de Gulliver.
Gordinhos, vou dizer uma coisa: é muito desconfortável ser gordo! Como cheguei a pesar 89,9kg (Deus foi muito bom – nunca cheguei aos 90), vivi um pouco dos incômodos do excesso de peso. O mundo não foi feito para gente gorda. Não há espaço para a gordura.
Eu trombava nas coisas. Meus joelhos e pés começaram a doer. Também, é brincadeira, né? Pensem bem: eu amarrei cinco sacos de arroz Tio João em volta de mim. Exatamente. Cinco sacos de arroz. Imagina andar o dia todo carregando isso tudo.
Maior, porém, do que o desconforto físico, foi o emocional. Eu me achava simplesmente horrorosa. E quem se sente assim não se arruma, então fica mais horrorosa ainda.
Coisa boa foi quando comecei a melhorar um pouco e encontrei forças para emagrecer! Já joguei dois sacos de arroz fora. Outro dia, levei 7, sete, SETE calças para ajustar!!!!!!!!!!! Que alegria. Queria fazer uma festa. Acho até que fiz, nem que tenha sido sozinha.
Já contei que sofri uma recaída e precisei voltar ao medicamento, mas já avisei logo para a médica que ela ia ter que encontrar um jeito de me tratar sem um remédio que engorde. E ela conseguiu. Faz três semanas que estou com o remédio, e continuo emagrecendo.
IUHUUU! Se é para contar história triste, que pelo menos tenha final feliz.

ANTES – Não liga pra moto caída, olha a gordura da pessoa. Os bracinhos… A barriguinha…
Ainda não é o depois. É o durante. Foto tirada no dia 7.5.
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SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA

Olhei. Pensei. Peguei, larguei de novo. Dei uma volta para ver se esquecia. Sem sucesso. A boca encheu de água. Confesso que sucumbi. Como os dependentes de outras drogas, agarrei duas. Consumi uma inteirinha no domingo, a outra na terça-feira.
Não, não foram garrafas de uísque, foram barras de chocolate.
Comparo minha relação com o doce (na verdade, o chocolate é dos que menos me atrai) à dos alcoólatras com o álcool. Não posso dar a primeira mordida, assim como eles não podem dar o primeiro gole. Não sei comer uma colher de sobremesa de doce de leite. Tem que ser uma vasilha cheia. Não como um quadradinho do chocolate, lá se vai a barra inteira.
Passei por uma desintoxicação há anos, quando entrei para o Vigilantes do Peso. Venci. Fiquei muito tempo sem comer doce. Chocolate, aliás, até hoje não me atrai muito. O de domingo era especial: daquele Lindt vermelhinho, com um recheio mole. Mas minha paixão são os doces cremosos, musses, tudo feito com Leite Moça, mas sem biscoito (não gosto de pavê com biscoito, não), doces de frutas, sobremesas bem elaboradas.
Nessa época do Vigilantes do Peso, fui deixando de comer açúcar aos poucos. Cada dia era um dia. “Só por hoje”, como no AA. Pronto. O açúcar saiu de minha vida. Nem sentia vontade.
Mas, aí, veio a depressão. Com ela, parei de comer. Ficava o dia inteiro sem pôr nada na boca, não sentia vontade. A médica, preocupada, me disse que era para comer o que tivesse vontade. Ah, isso foi o estouro da boiada! Eu só tinha vontade de comer doce. E lá se foi pelo ralo o treinamento de muitos anos.
Aos poucos, o apetite foi voltando, e eu não tinha forças para resistir ao doce. Tomava uma lata de leite condensado de uma sentada só. Meio vidro de doce de leite. Via os números na balança cada vez maiores, as roupas cada vez mais apertadas, a figura no espelho cada vez mais ampla e eu cada vez mais angustiada com tudo isso, e sem a menor força para nadar contra a maré. Foi difícil, foi muito duro.
Descobri uma coisa: no mercado, 90% dos produtos para dieta são doces. Isso é péssimo, porque é impossível replicar o sabor do verdadeiro açúcar. Aqueles produtos apenas aguçam ainda mais a vontade de comer sobremesa de verdade. Não adiantam nada. Não acabam com o anseio por um bom cheese cake.
É igual ao tratamento de qualquer outro vício: tomar a decisão de não comer, e encontrar, em algum lugar, forças para vencer cada dia. De vez em quando, um Lindt vermelhinho aparece na prateleira e atrai a gente como a sereia com o pescador. Ah, mas ele não tem o poder de me levar para o fundo do mar e me fazer afogar, não. Comi duas barras, mas já voltei à sobriedade. Só por hoje.