MALA

Sou capaz de arrumar uma mala para qualquer tipo de viagem em menos de meia hora.
Tenho meu esquema (se você acompanha meus blogs sabe que tenho esquema para praticamente tudo nesta vida). Separei uma gaveta com itens que só uso em viagem: carteira, secador de cabelo, necessaire, etc. Isso facilita muito minha vida. Adianta o serviço.
Tenho um guru quando se trata de viagem. É o Ricardo Freire. Ele escreveu um livro imperdível para quem gosta de viajar: Viaje da Viagem. Tem uma página no Facebook com o mesmo título, e um site também:  http://www.viajenaviagem.com/. Vale a pena tanto ler o livro quanto visitar o site e a página do Face, caso você também goste de viajar.
Mas preciso confessar ao Ricardo que desobedeci uma das instruções dele nesta semana.
O caso é que ele diz para a gente NUNCA comprar mala para uma viagem específica. Com muito humor, já que o estilo dele é delicioso, ele diz no livro que a gente, um dia, está passeando no shopping e, de repente, pensa: “Acho que vou comprar uma mala hoje”. Ele explica. Quando você não tem uma viagem programada, fica mais fácil ser isento na hora de escolher a sem alça. Porque, aqui entre nós, existe coisa mais desconfortável do que mala?
Uma das gírias mais bem boladas é chamar uma pessoa de mala. Sem alça, então, é o cúmulo da perfeição.
Voltemos à minha desobediência. Viajo no sábado. Devo ter, aqui em casa, umas mil malas. De todos os tamanhos, tipos e cores. Não precisava de mala nova. Inclusive, tenho um esquema (acho que já citei isso antes): minha mala para viagens internacionais já fica com a bolsa desmontada dentro, AQUELA, que vai voltar cheia de comprinhas. Facilita muito.
Mas eu tinha um sonho de consumo. Não, não é Louis Vitton. Afinal, já provei que não sou chique em dois posts (Uma carona na van da Clarice, e Não-Chiquice). Bem, meu sonho de consumo era uma mala pink da Kipling. Como meu guru falou que eu não posso comprar mala com uma viagem programada e eu SEMPRE tenho uma, a mala ia ficando para depois.
Mas a Kipling leu meus pensamentos. Além de ter a mala da cor que eu queria, lançou agora o modelo e o tamanho certinhos para mim. Passei na porta (tenho um esquema, já falei nisso? – olhar a vitrine da Kipling é parte essencial de uma ida ao shopping). Vi a danadinha lá dentro da loja. Fui embora, com medo do Ricardo Freire.
Guru, não é culpa minha. Ela ficou me chamando. Gritou meu nome. Falou que ia ficar triste, abandonada ali na loja.
Eu tentei argumentar. O Sérgio não gosta de coisa de cor berrante. Ele não vai gostar dessa mala. Nunca vai usar. Mas ela fez tanto escândalo que eu voltei e entrei na loja. Erro gravíssimo. O macaquinho pink ficou rindo pra mim, dizendo que não viveria sem minha companhia.
O fato é que sucumbi. Ela me venceu. Está lá, esperando minhas roupinhas lindas para irmos para NY no sábado.
Mas em uma coisa eu vou obedecer meu guru, como tenho me esforçado para fazer em todas as viagens: levar pouca coisa. Afinal, à exceção de meus remédios, das lentes de contato e dos óculos, tudo mais pode ser comprado lá. É, inclusive a mala poderia ter sido. Mas, aí, eu não teria escrito este post. KKKKK

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UM FRANGO PENDURADO

É, mais uma aventura em Orlando. Pelo menos não foi em nenhum parque Disney. Foi no Wet’n Wild.
Era um grupo interessantíssimo, organizado pelo Henrique. Nossos pais, os pais da Renata, Henrique e Renata, eu e Sérgio, César e Enilda, Evany, Lenira, Leonora, Moema e Nucha. Ah, também o Mauro. E, para completar, Júlia e Isabela, que tinham 7 meses.
No domingo, o primeiro dia que passamos em Orlando, fomos para o parque de água. Os sem-cônjuge, exceto a Lenira, preferiram ir ao Shopping.
Eu, Sérgio e Lenira nos divertimos tanto, sem ter que cuidar de nenhuma criança (nossos filhos ainda eram pequenos, e foi um bom momento de descanso), que nos esquecemos de almoçar. Por volta das quatro da tarde, um de nós sentiu um certo desconforto e se deu conta:
– Vocês repararam que a gente não almoçou?
E decidimos continuar a descer nos tobogãs sem almoço mesmo. Só jantar seria suficiente.
Que dia divertido. Inesquecível.
Só quem tem filhos pequenos entende essa dicotomia saudade/alívio que acontece quando a gente tem momentos longe deles. Apesar de ficar o tempo todo lembrando, pensando que eles gostariam de estar lá, a gente aproveita muito mais sem a preocupação de cuidar deles. Por exemplo, jamais teríamos esquecido de dar almoço para nossa tropa, mas esquecemos de nosso próprio almoço em benefício da diversão. Filhos, não se ofendam, please!!!!!!
No centro do Wet’n Wild de Orlando há um lago. Em toda a volta do lago, há um cabo suspenso, preso em postes. Por ele, corre um outro cabo preso por uma argola, onde as pessoas espertas seguram e fazem a volta ao lago, ajoelhadas em uma pranchinha. Jamais esquecerei da pranchinha. A minha era azul.
Entramos na fila para a atração. Eu, Sérgio, Henrique, Renata, César e Lenira. Logo de início, a gente pega um colete salva-vidas e um capacete. Não sei por que cargas d’água, César pegou de criança. O colete não fechava no, digamos assim, privilegiado abdômen dele, e o capacete só ia até a altura da testa. Parecia que ele tinha duas cabeças. Diante de tal cena, nossos abdômens, não privilegiados, já doíam de tanto rir na fila, antes mesmo de começar a atração.
Henrique conhece a irmã desde que nasceu. Sabe que minha pessoa carece de uma dose de esperteza, então foi me ensinando:
– Você tem que ficar com os braços dobrados. Não estica de jeito nenhum, para não sentir um puxão muito forte. Quando o cabo te levar, você vai sentir o impacto. Não desdobra o cotovelo.
Fui memorizando as instruções. Ficava com meus braços bem dobradinhos, do jeito que ele mandou. Afinal, o esperto é ele.
Enquanto decidíamos quem ia primeiro, eu logo falei:
– Quero ser a primeira. Se eu fizer bobagem, quem vai rir de mim são vocês, e não um bando de desconhecidos.
Chegou nossa vez. Eu e Renata. A gente se ajoelha na pranchinha, em uma “plataforma de lançamento”, toda de plástico, com furos, já na água (o resto da história mostrará a imensa vantagem da plataforma já ficar no lago).
Preciso confessar que estava nervosa. Os bracinhos bem dobradinhos, como o Henrique mandou. Pensava:
Ai, meu pai, lá vem o troço me pegar. Vai dar um puxão. Não posso esticar o cotovelo. NÃO DESDOBRA O BRAÇO. FUIIIIIIIIIIIIII.
Fui só eu. Sem pranchinha. Com os braços dobrados no comecinho, mas logo não aguentei meu peso. Fui arrastada pela plataforma de lançamento que é cheia de protuberância e esfolou minhas coxas e pernas. Culpa do Henrique. Não me disse que tinha que ficar com os JOELHOS dobrados.
Renata não conseguiu pegar o cabo que lhe pertencia, por causa, claro do tanto que ria de minha pobre pessoa. Riu a ponto de fazer xixi, daí a utilidade da plataforma dentro do lago. Imagine se fosse no seco!!!!
Claro que eu não consegui me segurar no negócio. Assim que cheguei à água, soltei e fui até a margem, saí de lá com dificuldade, por causa da fraqueza causada pelo riso. Consegui superar o colete e o capacete do César. Ninguém mais lembrava disso.
A certa altura, Lenira comentou:
– Cláudia, você parecia aqueles frangos pendurados no açougue!
Preciso ser grata à minha querida amiga. Afinal, meu tipo físico está mais para Chester do que frango. Em todo caso, que humilhação!!!!!!!!
Ainda bem que resolvi ser a primeira. Podemos curtir até hoje essa história. Se tivesse sido a última, outras pessoas, em algum lugar do mundo, estariam curtindo a NOSSA história.