AGARRA O TRONCO!!!!!!!!!

Sei poucas piadas de cor. Uma de minhas prediletas é sobre um homem cuja cidade foi alagada.
Muito crente, fiel a Deus, ele, desde o início, afirmou para a família que Deus lhes daria o livramento, a enchente não os mataria. Logo que ficou claro que a água invadiria a casa, os vizinhos insistiram para eles fugirem, mas o homem não só não fugiu, como não deixou a família ir embora, afirmando que Deus mandaria livramento para eles.
A chuva continuou, levaram todos os móveis para o andar de cima, depois precisaram ir para o telhado. Eram as únicas pessoas da vizinhança. E o homem repetia que Deus mandaria o livramento. A enxurrada trouxe um tronco bem grande, a mulher e os filhos queriam se agarrar, mas o homem disse para esperarem o livramento divino. Em seguida, apareceu um barco dos bombeiros. A esposa e os filhos disseram que não iam esperar mais, e entraram no barco. O homem permaneceu no telhado, orando e clamando a Deus por livramento. Algum tempo depois, surge um helicóptero, oferece ajuda, mas ele repete que sabe que Deus o livrará da morte e se recusa a entrar. A água continua subindo e o homem morre afogado.
Foi para o Céu, mas chegou lá um tanto contrariado e perguntou se podia conversar com Deus. Diante da resposta afirmativa, contente de saber que tinha acesso livre a Deus, correu para questionar o Todo-Poderoso.
– Com todo respeito, Senhor, não entendo o que aconteceu. Eu fui fiel. Repeti até o fim que o Senhor me daria o livramento, e o Senhor me deixou na mão.
– De jeito nenhum, meu filho! Eu mandei os vizinhos te chamarem para ir embora. Você não quis. Depois, mandei o tronco de árvore, você não aceitou. Mandei um barco, e você se recusou a entrar nele. Até um helicóptero eu mandei, e você não aceitou. O que mais você queria que eu fizesse?
Acho a piada muito engraçada, mas também muito profunda. Pensei nela hoje de manhã, quando fui à lanchonete do hospital para tomar o café da manhã.
Sérgio está tão bem! A cirurgia, segundo o médico, foi um sucesso total. O pessoal de enfermagem que entra no quarto para cuidar dele se espanta com a aparência excelente dele. Nenhuma dor, nem um pinguinho. Desde o primeiro dia, caminha com facilidade, se levanta, eu preciso lembrar a ele para não pegar peso.
O caso foi que ele agarrou o tronco que Deus mandou.
Todo mundo sabe que devemos fazer exames médicos com regularidade. É um conselho que todo mundo ouve, mas poucos seguem. Sérgio segue à risca. Ao primeiro sinal de irregularidade, a médica pediu exames mais profundos, o câncer foi detectado bem no início e jogado no lixo.
Quanta gente fica parada, pedindo livramentos, enquanto Deus manda avisos e mais avisos, além dos meios – médicos e remédios – para cuidarmos do corpo! Depois, quando a doença já está avançada demais para a medicina tratar, pede milagres a Deus. Se ele decide não fazer o milagre, muitos se revoltam. Mas, na verdade, antes da situação chegar a esse ponto crítico, muitos helicópteros já tinham surgido e a pessoa não aproveitou a carona.
Hoje, devemos voltar para casa. Alimentação normal. Arroz e feijão. Ainda não sabemos se haverá necessidade de quimioterapia, mas tudo indica que não. De toda forma, ele está bem.
Então, caro leitor, seja esperto: AGARRE O TRONCO que Deus tem oferecido para você.

Ao que tudo indica, o motoqueiro selvagem logo voltará a integrar o grupo. Graças a Deus pelo tronco!!!!
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8.9 – O PRIMEIRO A GENTE NÃO ESQUECE

Foram dois primeiros que não vou esquecer: primeiro aniversário de casamento longe do Sérgio (esse não foi bom) e o primeiro US Open.
É. Vi na quadra Nadal, Serena e Djokovic. É mole ou quer mais?
Preciso confessar que Flushing Meadows, o complexo onde acontece o torneio, deixa muito a desejar, em termos de charme, quando comparado a Roland Garros. O da França, porém, eu só visitei, sem qualquer jogo. E tem o fato, que pesa muito, de Guga ter vencido três vezes e a gente encontrar fotos dele por toda parte. Além disso, RG tem a elegância francesa, a loja tem artigos finos, os restaurantes são da melhor qualidade. Nos EUA, tudo bem americano: camiseta, boné, cachorro quente, pizza e picolé.
De toda forma, minha estreia nas arquibancadas ocorreu no US Open. E eu amei. Por causa das chuvas dos dias anteriores, houve uma concentração de jogos de primeira linha no dia em que eu e a Flávia fomos.
O caminho para chegar ao complexo foi uma experiência especial também.
Quando a gente vai a NY, acaba se restringindo a Manhattan e o bendito outlet que fica a não sei quantos mil quilômetros de lá, aonde nunca fui, nem sei se pretendo ir algum dia.
Uma vez, quando eu e Sérgio fomos com Daso e Bette a NY, pegamos a balsa para Staten Island. Achei bem legal ver como as pessoas moram foram da ilha, foi um passeio bem interessante. Fomos também um pouco além, até o Brooklyn, mas só para ir à igreja e logo voltamos, não deu para ver muita coisa.
Flushing Meadows me deu uma oportunidade única. Pegamos o metrô na Grand Central. Há um nível para várias linhas e a nossa, a 7, fica um nível abaixo das outras. Isso não me agradou nada. Não nasci para ser tatu. Em todo caso, tudo pelo Djoko e cia. A certa altura, notei que fazia muito tempo que não parávamos em qualquer estação. Comentei com a Flá e ouvi a resposta:
– O que você nem imagina é que estamos embaixo do rio!
Ai, como sofro! Já tinha ouvido essa mesma resposta dada pela Cristina, 20 anos antes, sob o mesmo rio, só que de carro. E o rio é largo. Quase um Amazonas! Antes que eu parasse por completo de respirar, chegamos a uma estação. Pensa numa pessoa aliviada.
Na outra margem, porém, uma boa surpresa me esperava: o metrô é de superfície. E eu fui observando aquela parte de NY que poucos turistas visitam (apesar de ser turista de carteirinha, gosto demais de ir a lugares aonde pouca gente vai). Valeu a pena ficar sem ar embaixo do rio.
Sendo grande apreciadora de filmes, parecia que estava assistindo cenas que se passam em ruas muito parecidas com aquelas, de casas simples, na maior parte brancas, muros pixados, quadras de basquete decadentes, mercados e lojas de aparência duvidosa. Me lembrei, especialmente, de um filme com a Queen Latiffa, As Férias da Minha Vida. Não sei se ela morava naquele bairro, mas era muito semelhante.
É bom ver o lado sem glamour da cidade. Melhor ainda se é de passagem, e a gente está indo rumo ao US Open.
Ah, no mesmo parque, fica o estádio do Mets. Canso de ver nos filmes a pergunta:
– Are you a Mets’ fan? (Você é fã do Mets?)
Agora já sei onde eles moram. Imenso o estádio. Aposto que o Mets tem muitos fãs.
Quanto aos jogos, todos que precisavam ganhar, ganharam: Nadal, Serena e Djoko. Depois de enjoar de ver tênis, eu e Flá fomos comer pizza na Sbarro na Times Square. Alguém quer um pedaço?