Hoje, o grupo tinha um programa que não me atraía, e resolvi não ir. Isso significa ficar por conta própria na Big Apple! Coisa importante para uma pessoa que se perde dentro da Fnac!
Pensei em ir ao Ground Zero. É comovente, está completando 10 anos. Em minha mente, várias pessoas, a começar pelo Sérgio, recomendaram:
– Que Ground Zero que nada! Vai fazer alguma coisa alegre!
Decidi seguir o sábio conselho imaginado por mim, que tenho certeza de que ouviria.
Desde que saí de Brasília eu queria fazer uma compra específica aqui: uma pulseira Pandora. Até bem pouco tempo atrás, eu não conhecia a Pandora. Achei o máximo o conceito. A gente compra a pulseira, e depois vai comprando coisinhas (os Charms) para colocar nela, lembretes de momentos especiais. Queria comprar em Brasília, mas não estava em um momento muito alegre, e queria que a compra me fizesse lembrar de uma situação bem feliz e gostosa. Então, decidi que deixaria para comprar nesta viagem. E comprei. Comecei a minha com 3 Charms: um coração, um C e um S!
Ih, coloquei o carro na frente dos bois, e já revelei que acabei comprando a Pandora. Mas voltemos ao começo. Nem vi a hora em que a Flávia saiu de manhã, coitada. Apesar de também não estar com vontade de fazer o tal programa, ela é guia, né? Não tem opção. Lá foi ela. Dormi até 10 horas, me levantei e ia colocar um vestido de alcinha com uma sapatilha para ir a dois lugares: primeiro a uma joalheria que achei na internet e que vende a Pandora e depois ao International Center of Photography. Felizmente tive a sábia ideia de olhar pela janela. Chovendo. Ai, que tragédia! Todo mundo de casaco e guarda-chuva. Mas nada me deteria em minha busca pela pulseira! Vesti uma calça jeans, calcei um sapato fechadinho, camiseta, casaco, e… pé na estrada. Bem perto do hotel achei um lugar para comer o bagel meu de cada dia. Melhor do que o de ontem, sentei em uma mesinha, tomei capuccino. Liguei para o Sérgio. Isso mesmo: tudo em ritmo bem lento, como gosto.
Saí do restaurante e a chuva continuava. Precisei comprar um guarda-chuva. Nada, porém, me afastaria de meu intento de comprar minha pulseira. Era minha missão de hoje. Segui pela 6a. Avenida, me molhando cada vez mais. Afinal, o Centro de Fotografia ficava mais perto do que a joalheria, então, entrei lá. Mesmo porque a chuva tinha piorado muito. Minha calça estava molhada até o joelho. E eu feliz da vida. Afinal, chegar ao primeiro destino sem me perder era uma vitória danada de boa! As exposições de fotografia estão interditadas, só voltam a abrir no dia 9, mas a lojinha estava aberta. E comprei um apontador de lápis de mesa que é igual à primeira máquina fotográfica que tive, ainda do tipo caixote! Senti saudade do tempo em que a usei, no 2o. grau, curso profissionalizante de fotografia. Esperei a chuva diminuir um pouco e prossegui pela 6a. Avenida. Eu tinha que encontrar a tal loja.
O problema é que a chuva diminuiu um pouquinho e depois resolveu desabar em cima de mim. Faz mal não, porque achei a loja e comprei a sonhada Pandora!
De lá, resolvi seguir para o Museu Metropolitan. Fica no Central Park, e lá fui eu. Parecia que a cada passo que eu dava a chuva aumentava mais. Demorei, mas cheguei. Desde que saí do hotel de manhã, andei da rua 35 à 80!!!!!!! Na chuva! E amei cada momento. Afinal, com essas caminhadas devagar pela rua, olhando os prédios e lojas com calma, entrando só onde eu quero, sem correr atrás dos que querem fazer um monte de compras, estou aprendendo a gostar muito de New York! Que bom!
Cheguei tão ensopada ao Met (é assim que os novaiorquinos falam, viu?) que fui direto à loja para ver se vendem calças. Só camisetas. Ai, como sofro!
Fui para o banheiro, tinha fila. De repente, ouvi uma voz conhecida. Olhei para trás, Renata e Lourdes na fila, uma pessoa atrás de mim. É verdade verdadeira: a gente não pode fazer nada errado, porque sempre alguém conhecido pode estar bem pertinho! O museu lotado daquele jeito, e a gente se encontrar na fila do banheiro! Elas também estavam molhadas. Fizemos o possível para nos enxugar e fomos lanchar. Já eram 3 da tarde, e eu estava apenas com o bagel da manhã! Há uma cafeteria no andar de baixo do Met, e comi uma massa bem gostosa, com uma garrafinha de vinho. Foi bom para me aquecer um pouco.
Andamos despreocupadamente pelo museu, vendo aquelas coisas lindas. Uma passagem pelo Egito, já que aquele ambiente que aparece no filme Maid in Manhattan é um dos lugares mais belos e a Lourdes não conhecia. Mesmo se ela não estivesse comigo eu teria ido lá, porque acho muito bonita aquela estrutura enorme de metal e vidro.
Depois, queríamos ver os impressionistas, e fomos para lá. Nem olhamos mapa. Andar pelo museu sem prestar muita atenção ao roteiro foi uma novidade para mim, e achei muito gostoso. Encontramos os Monets, van Goghs, Gauguins e cia, nos esbaldamos com esculturas gregas e, enfim, estava na hora de voltar para a chuva.
Decidimos pegar um táxi, mas, em dia de chuva, você precisa de outra solução em NY. Os táxis passam todos cheios. De repente, apareceu a fada madrinha, que fez um ratinho virar um motoristão, e transformou uma abóbora em uma limusine!!!!!!! O cara parou, perguntou para onde queríamos ir, disse o preço e se ofereceu para nos trazer. Pulamos para dentro e aprontamos uma confusão da melhor qualidade. Nenhuma das três nunca havia andado de limusine. Tiramos mil fotos, deitamos nos bancos, trocamos de lugar nem sei quantas vezes (bendito engarrafamento de trânsito provocado pela chuva!!!). Curtimos que nem criança. Falei para o ratinho transformado em motoristão que estávamos nos sentindo como Cinderelas. Ele não sabia quem era Cinderela. Tadão!
Afinal, a fada madrinha arranjou para a carruagem continuar carruagem mais um pouco e levar a Lourdes com a filha dela para o teatro.
Quanto a mim, cheguei a meu maravilhoso castelo, enchi a banheira de água quente e tomei um maravilhoso banho de espuma!!!!!!!
E tem gente que acha que chuva pode estragar a viagem. Não entendo isso!
Dia: 06/09/2011
05.09 – NEW YORK
Eu e Flá resolvemos fazer nosso próprio programa hoje. Algumas do grupo foram pegar aquele ônibus vermelhinho que vai a todas as atrações, outras queriam um ritmo muito mais frenético do que nós buscamos nessa viagem. Flá não aguenta mais o tour no ônibus, porque toda vez que traz um grupo ela tem que levar. Já avisou que nem morta sobe ao Top of the World, não vai ao Battery Park e tem mais um lugar aonde ela se recusa a ir, mas esqueci qual é. Também não estou a fim desse tipo de passeio, então, lá fomos nós, livres e soltas, a fazer o que bem entendêssemos.
Claro que não saí cedo!!!!! Ponto essencial, para mim, quando se trata de relaxar. Descemos depois do horário do café da manhã e paramos logo em uma lojinha, como tem milhões em Manhattan, que vendem jornal, revista, aqueles pães cheios de açúcar por cima, um monte de chocolate, umas comidas, e mais não sei o quê, tudo espremido. A gente mal enxerga o vendedor. Como Deus sempre é bom para mim, existe bagel com cream-cheese. Porque eu não gosto nem um pouco daqueles pães cheios de açúcar. Pelo menos de manhã. Na verdade, só gosto mesmo é do Cinnabon, mas só de tarde. Então lá fomos nós, eu felizinha da vida, espero que ela também. Comi meu bagel, e fomos para a 5a. Avenida. Nosso destino, Central Park. Mas não tínhamos pressa nenhuma de chegar lá.
Um dos prazeres que eu tenho nas viagens é ver as lojas nas quais não compro. AQUELAS. Interessante. Eu acho o máximo olhar aquelas vitrines. Tanta coisa linda. Fico “de cara” com os tecidos maravilhosos que usam para fazer as roupas que nunca vou comprar. Isso não me dá a mínima tristeza. Acho lindo, admiro, e amo comprar minhas roupas na J. C. Penny. Assim, fomos seguindo pela avenida maravilhosa, conversando, bem devagar, do jeito que a gente gosta. Até que avistei um oásis!
Lá eu TINHA que entrar e comprar alguma coisa. Apaixonada por livros como sou, enxergar uma Barnes & Noble (uma das maiores redes de livrarias do mundo) é como ver um oásis. Nem sei quanto tempo passamos lá dentro. Ela para um lado, eu para o outro. Bendito Nextel!
Comprei uma coisa linda: um diário que dura cinco anos. Tem uma página para cada dia do ano, com cinco divisões. Você anota o número do ano na primeira parte, escreve uma ou duas frases sobre seu dia. Faz isso todos os dias. À medida que os anos forem passando, faz o mesmo nas outras divisões. Até que, ao fim, tem registrada sua “evolução” durante os cinco anos. Achei uma “diliça”. Mais outras comprinhas, e voltamos para a rua.
Tem uma coisa que não entendo. A Hollister. Um calor danado, e uma fila enorme na porta, gente esperando para entrar e comprar camiseta. Sei que tem outros artigos, e que está na moda, mas acho o cúmulo ficar na fila para uma loja dessas. Gostaria de ler algum estudo sobre o tema, porque, para mim, o crime não compensa, ou seja, os artigos não são essa maravilha toda para causar tanta comoção. Enfim…
Levamos muito tempo para chegar ao Central Park, e andamos por lá, bem despreocupadas. Hoje é feriado aqui. Dia do Trabalho. Então, o parque estava cheio. Mas não repleto. Gostoso. Fomos ao zoológico que até hoje eu não conhecia e a Flá, bondosamente, suportou mais uma vez. Depois, comemos cachorro quente sentadas em um bando de frente para umas quadras de vôlei de areia. Enquanto os jogos corriam soltos, com boladas fortes, uma velhinha se exercitava caminhando na areia nas laterais das quadras. Cena insólita. Ela andava de lado, magrinha, fraquinha, e aqueles caras enormes jogando a bola de um lado para o outro na maior força. Se ela fosse atingida, adeus velhinha.
Eu e Flá comentamos sobre um aspecto muito interessante da vida em NY, de que o Central Park talvez seja a maior manifestação: o cruzamento entre vida de cidade grande, cheia de tudo que se pode pensar em termos de tecnologia e desenvolvimento, combinado a certos aspectos de vida tranquila e sossegada. As pessoas sentadas nas escadas dos museus e bibliotecas também mostram isso. Na frente da Biblioteca Pública, há uma área grande, cheia de árvores, com mesas e cadeiras. Não é restaurante, é um lugar para as pessoas sentarem, conversarem, lerem um bom livro, só isso. Há várias praças e lugares como esse espalhados no meio dos arranha-céus imensos. Muito interessante o contraste.
Depois fomos ao MoMA. Eu me divirto muito com arte moderna. Há um andar com Monet, Picasso, van Gogh e outros famosos e mais antigos que, devo confessar, fazem mais meu estilo. Mas a arte moderna é muito mais divertida. Tinha, por exemplo, um cubão de feno. Daqueles que a gente vê os fazendeiros fazendo nos filmes. Eu amei um carrinho de mercado com as sacolas todas amarradas do lado de fora. E saí de uma instalação rindo a valer, dizendo para a Flá que acabara de ter a maior experiência tranformadora da minha vida: um caminho cheio de curvas, formado por pano branco pendurado no teto e indo até o chão.
Acho que sou crítica demais para conseguir levar a sério essas obras modernas. Uma sala, porém, mexeu muito comigo. Uma parede vermelha e azul, enorme, pintada de cima a baixo com a palavra AIDS. E as obras da sala toda apontavam para o mesmo tema. Coisas pesadas, densas, que me atingiram. Principalmente um quadro em que o artista (ou a, não sei), pintou, sobrepostas, situações que possibilitam a transmissão da AIDS. Não consigo encontrar uma única palavra em português para descrever o que senti. Coloco uma em inglês, pedindo desculpas aos que não falam a língua: “sobering”. No entanto, gosto mais da parte divertida.
Saímos do museu exaustas. Mas continuamos andando. Estava bom. Com fome, fomos até a Times Square à procura de uma Sbarro. Eu AMO a pizza de espinafre com champignon de lá. Já falei que não sou chique? Barriguinha cheia, uma passada básica na Walgreens, para comprar pomada para passar no calcanhar que JÁ está doendo à beça e… hotel.
Tenho certeza absoluta, por tudo que conheço de turismo, que nosso programa JAMAIS faria parte de uma excursão. Sei, também, que não agradaria a maior parte das pessoas. Mas sei que o Sérgio e a Dani iam amar também. Serginho, não tanto, mas nos acompanharia, com certeza. Meus pais também gostariam muito. Para mim, foi um dia perfeito. O melhor que já tive aqui em NY. Vamos ver amanhã… Pretendo sair sozinha de manhã.