Domingo, 24 de junho de 1973
Oi, diário!
Meu dia hoje foi ótimo, como todos os domingos.
Levantei cedo (6:30) – essa parte nunca é boa, mas… Mamãe já estava na cozinha fazendo almoço, claro. Fiquei alegre porque era lagarto, estava na panela. Peguei o pão e coloquei do molho da carne. Sempre gosto de comer isso domingo de manhã.
Claro que saí em cima da hora. Fui correndo para a W3, Leonora já estava lá e logo seu Fábio e dona Priscila chegaram para pegar a gente na Kombi. E fomos para a Ceilândia. Eu queria que a Escola Dominical de lá fosse mais tarde, porque 8:00 no domingo é cedo demais… Mas vale a pena, porque tinha mais de 50 crianças só na minha sala. Estava frio. E eu não gosto de ficar de casaco, porque meus alunos não têm casaco. Deu tudo certo. Depois da Escola Dominical, tivemos nosso lanchinho gostoso na casa da dona Gabriela.
Faz uns três domingos que Edgar comentou com ela que nunca tinha visto ninguém aproveitar casca de banana. Ela disse que ia inventar alguma coisa. Ele duvidou. E hoje nós comemos… geleia feita com casca de banana! Estava uma delícia. Ela só contou depois que a gente tinha comido e elogiado. Dona Gabriela é capaz de tirar água de pedra. Que mulher fantástica!
Fomos para nossa igreja. Ainda pegamos a sala. Papai fazendo o “Olho Morto”. A equipe feminina deu uma lavada na masculina. Bem feito pra eles, muito metidos.
Hoje o Clube Bíblico foi na 310 sul, na casa de um garoto novo na turma, nem decorei o nome dele ainda. A Bette passou aqui e a gente foi batendo papo. Tinha 97 jovens na reunião! Daso está preocupado, porque agora o grupo não cabe em todas as casas, e está ficando difícil reunir um grupo tão grande. Mas esse é um bom problema!
Dei uma passada rápida em casa para tomar banho e me aprontar. Claro que chegamos todos atrasados para o ensaio do coral. Lá estava dona Belkiss nos esperando, com aquela paciência infinita dela. Mas deu tudo certo. Cantamos, o culto foi legal. Estamos todos gostando do rev. Garrison.
No domingo que vem outras pessoas vão dirigir o Clube Bíblico, porque o Ele Vive vai cantar no Hospital Sarah Kubitschek. Dona Maria Luiza conhece um cara que sofreu um acidente horrível. Morreu a mulher, morreram os filhos, e ele ficou na cadeira de rodas. Está internado lá. A gente vai visitar e vai cantar nas outras enfermarias também.
Depois do culto, como sempre, lanche no Truc’s. Ih, demorei demais para chegar em casa, papai estava bravo!
Tirando a bronquinha, o final de semana foi super legal!
A anotação no diário é fictícia, mas retrata com fidelidade a programação dos adolescentes e jovens da década de 70 na IMAS. Domingos inteirinhos dedicados ao trabalho do Senhor. “Tenho contra ti que abandonaste o teu primeiro amor” é uma palavra que pesa sobre mim quando me lembro da paixão que nutria pela obra do Senhor naqueles anos.