Outro dia, estava conversando com a Clarice sobre este ano de 2011 (quase esse, porque falta pouco para acabar, né?). Ela disse que, no início do ano, Deus falou que ela veria muitas curas. E tem visto. Só o que não pensou no momento, na alegria de saber que veria cura, é que teria que ver muitas enfermidades. Sem doença, não há cura.
Isso aconteceu no dia em que o Sérgio estava sendo operado. Foi um dia de muita angústia. Ele foi para o Centro Cirúrgico às 8 da manhã e só saiu de lá às 5 da tarde. E nós na sala de espera. Saiu curado, mas que sufoco!
Sempre, quando pensamos em vitória, nos enchemos de alegria. Mas nunca pensamos na luta que precede a vitória. Quanto maior o sucesso, mais dura terá sido a batalha.
No meu trabalho, vivo em etapas. Já perdi a conta de quantos livros traduzi. Cada um, uma vitória. Comemorada, porque nunca é fácil. Algumas traduções me marcaram de modo mais forte, por causa da dificuldade que enfrentei.
O primeiro da lista é O Homem do Céu, do Irmão Yunn. Narra perseguições sofridas pelos cristãos na China. Eu estava traduzindo esse livro extremamente tocante quando meu sogro faleceu. Não podia me dar ao luxo de comunicar à Editora que não podia continuar, então trabalhava e chorava. O livro sozinho teria me feito chorar. A morte do meu sogro também. Juntando os dois, só a graça de Deus! Como me alegrei no dia em que consegui clicar “enviar” e mandar o livro para a Editora! VITÓRIA!!!!! Talvez a maior de toda minha carreira. Também a maior luta.
Ontem, depois de anos, papai voltou à hidroterapia na ACM. No sol, na piscina quentinha. Desceu uma escadinha. Andou dentro da piscina. Que vitória!!!! E que batalha para chegar até ali! Mamãe, que é quem leva a maior carga, repete: “Parece sonho!”. Para chegar ao sonho, pareceu um pesadelo.
É, não há vitória sem luta. Mas a alegria da vitória é muito maior do que a dor da luta. É como se diz das mães que mal se recuperam do parto, seja ele normal ou cesariana, e já esquecem do que passaram pela alegria de ver o bebê crescer.
Acredito ser essa a perspectiva correta da vida: saber que as lutas são difíceis e acarretam sofrimento, mas ser capaz de comemorar a vitória com muito mais alegria, lembrando apenas que houve luta, trazendo tudo que foi aprendido no processo, mas desfrutando da luz do sol enquanto ela brilha, e conseguindo enxergá-la mesmo no calor da batalha.
Minha citação predileta vem de um livro antigo, que eu não possuo e procuro em sebos, inutilmente – Crônicas da Família Schönberg-Cotta, de Elizabeth Rundle Charles, escrito no final do século XIX. Quem fala é Tecla, uma jovem alegre, amiga de Martinho Lutero, que não concorda com a religião sombria que dominava sua família. E, faço minhas as palavras dela:
E com certeza a perspectiva da alegria da vitória é que nos capacita a resistir firmes durante a luta. Se Deus tivesse falado: esse ano você vai ver muitas doenças, eu teria entrado em 2011 já derrotada…