Muitas vezes eu disse que não faria determinada coisa “nem morta”.
A primeira vez, pelo menos em minha memória, foi quando lançaram um fusca verde bandeira. Disse que não entraria em um carro daquele nem morta.
Logo depois disso, um rapaz novo começou a frequentar nossa igreja. Minha amiga Bette sugeriu que eu namorasse com ele. Eu respondi: “nem morta”.
Decepcionada com o curso que havia escolhido na UnB, saí de lá afirmando que não estudaria lá de novo nem morta.
Quando eu e Sérgio nos casamos, fomos morar no Guará, e eu não gostei da experiência. Ao me mudar de lá, declarei, do alto de minha soberba, que não voltaria a morar lá nem morta.
Afirmei que Serginho seria filho único, que eu não teria mais filhos nem morta.
Houve outras ocasiões em que eu usei essas duas palavras, mas essas situações já são suficientes para entender como eu pensava controlar meu destino.
Assim que eu, Henrique e mamãe tiramos carteira mais ou menos ao mesmo tempo. Papai encontrou um carro para comprar para nós. Ele falava do carro, que escolhera com cuidado, dizendo sempre que era tão bonitinho! Era um fusca verde bandeira, no qual andei pela cidade toda, na maior alegria. O carrinho foi o meu companheiro em muitas aventuras alegres da mocidade.
O rapaz de quem a Bette falou era o Sérgio. Não há necessidade de mais explicações.
Em 1999, voltei a estudar na UnB, numa felicidade ímpar! Fiz um curso maravilhoso, e estou doida para voltar e fazer o mestrado.
Quando Flávia e Daniela nasceram, e precisamos de uma casa maior, encontramos uma sob medida no Guará, e para lá voltei, cheia de alegria.
Serginho tem duas irmãs maravilhosas, que vieram completar nossa família e enchem nosso coração de felicidade e orgulho, bebês que eu não teria “nem morta”.
A Bíblia afirma que, se nos agradarmos de Deus, ele nos dá o que nosso coração deseja. Eu sempre me agradei muito de Deus. Como explicar todos esses “nem morta” que aconteceram? Simples: meu coração mudou. Enxerguei as coisas sob outro aspecto. Deus trabalhou em minhas emoções e meus pensamentos. O importante é que, quando recebi o que achava que não queria, eu as recebi com imensa alegria. Jamais contrariada. Na verdade, eu quis muito cada uma delas.
Hoje, risquei o “nem morta” da minha vida. E isso é uma libertação. Posso descobrir coisas novas, começar a gostar daquilo que detestava! Não vivo fechada em uma cadeia de gostos e não gostos. Estou aberta a experiências diferentes.
Não existem definitivos em minha vida. Apenas a presença constante de Deus, o amor dele por mim.
Posso dizer que devido experiências quase que com a mesma ótica de surpresa divina, também não há definitivos na minha vida!! E que bom, né? Já pensou se tudo na terra fosse pra sempre que saco que seria…
Pois é, Matheus. Mudanças provocadas por Deus são maravilhosas, né?