Levantei cedo, animada para caminhar antes da terapia. Bem, cedo, no meu caso, é antes das 9:00. De toda forma, fui para o banheiro me sentindo o máximo. Caminhei ontem, depois hoje. UAU!
Tirei a roupa e subi na Cicinha.
– 83,3 – falou ela, impassível.
– Como assim? Não posso ter engordado quase um quilo de ontem para hoje.
– 83,3.
– Vamos lá, Cicinha, manera.
– Não dá. 83,3 e fim de papo.
– Acho que não vou colocar isso no blog.
– Larga de ser covarde. Vai, sim. 83,3.
– Mas, Cicinha…
– 83,3!!!
Não adianta tentar discutir com ela. Não muda de opinião de jeito nenhum.
Coisa chata é esse negócio de aumentar o peso assim, de um dia para o outro. Houve um tempo em que procurava mil explicações, sendo a mais simples “estou inchada”. Essa acabou no dia em que a médica me disse que o líquido se acumula em nossas células gordurosas, então, quanto mais gorda, mais incha. Ai, que horror!
Situação complicada é saber que vamos subir na balança e que não nos comportamos lá muito bem nos últimos dias. Antes de pisar na danada, uma última corrida ao banheiro. Usa a roupa mais leve possível. Eu inventei uma tática elaboradíssima: em uma semana em que sabia que tinha emagrecido bem, eu ia de calça jeans para me pesar, assim, na semana seguinte, se não me comportasse, poderia ir com uma roupa leve, e aí pareceria ter emagrecido. Engraçado? É. Mas também desgastante ficar elaborando esquemas como esse. E, no fundo, eu estava sempre me preparando para o fracasso, já que, na semana de sucesso, fazia provisão para a semana do retrocesso.
Uma coisa eu gostaria de saber: quanto tempo leva a comida desde que entra em minha boca até se acomodar confortavelmente à minha volta e se manifestar na balança? Já perguntei a várias pessoas que deveriam ter resposta “científica” e recebi respostas que variam de 12 horas a 15 dias. Ou seja, não dá para saber por que a Cicinha precisou me mostrar 83,3 hoje, sendo que venho me comportando razoavelmente bem desde que comecei o blog.
Engraçado, em uma cena do filme que me inspirou a começar a registrar minha jornada, Julia & Julie, a Julie comenta com o marido que escreve o blog e manda para o vazio, para um espaço onde não sabe se alguém a lê. Tenho a mesma impressão. Há algum retorno, claro. Até hoje, quase 200 acessos, mas, no fundo, jogo meus pensamentos a um vazio. No entanto, há uma catarse. Mesmo que eu fale apenas comigo mesma, o fato de escrever meu peso e comentar alguma coisa no papel digital todos os dias me leva a ter mais consciência de meus atos relacionados à alimentação e ao exercício, principalmente. Assim, tenho, basicamente, me comportado bem nessa área. E, por isso, ainda estou aborrecida com a Cicinha. Eu não merecia isso. Pelo menos, hoje, não. Mas não desanimo. Continuo firme. Ela vai ter que me engolir.