DESAFIO SEMANAL: MOVEMENT

These little ducks know for sure how to keep the balls moving fast!

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27) UMA CRIANÇA ESPECIAL!!!!!

É, já falei sobre elas. São o tesouro de nossa comunidade. Comentei sobre o quanto aprendi com elas, enquanto elas pensavam que eu estava ensinando. Mas houve uma que me ensinou mais do que as outras.

Claro que aconteceram momentos de enfermidade. Destaco alguns: as várias cirurgias a que o Dasinho foi submetido, minha filha Daniela em uma crise aguda de asma, ela mesma operada de hérnia do dia em que completou dois meses, Lucas e as pneumonias e, enfim, a cirurgia que colocou um ponto final no período mais tenebroso, Gabriel com febre durante meses, sem que ninguém conseguisse descobrir o motivo, Júlia e Isabela sem conseguir respirar por causa da laringite estridulosa. Houve outras aflições, mas essas bastam para dar ideia do que quero dizer. Sim, tivemos momentos de luta e dor por causa dos pequeninos. Mas desconhecíamos as limitações permanentes, até que Ela chegou.

Algumas famílias, claro, tinham parentes com problemas físicos ou mentais incapacitantes, mas, em nossa comunidade de fé, nunca tinha acontecido o incurável definitivo.

Ana Júlia entrou em nossa vida como um turbilhão. Veio para mudar conceitos, para nos ensinar muito, para nos levar a conhecer o fantástico mundo dos diferentes. E a mergulhar de cabeça nesse universo até então inexplorado, descobrir o que existe nele e tirar dele tudo que há de bom.

A primeira coisa que aprendi na convivência com ela foi a não ter pena de crianças com limitações físicas. Claro que eu preferia que ela corresse de um lado para outro, mas eu não sinto pena dela. Eu a admiro. Essas crianças possuem uma força descomunal. Ela não desiste. Desde bem pequena, quando queria fazer alguma coisa, ela permanecia ali, concentrada, até ser bem sucedida.

Com isso vi outra coisa: a perseverança. Ela devia ter uns 8 ou 9 anos e fui montar um quebra-cabeça com ela. Logo de início, ela falou:

– Isso é muito bom para minha mãozinha, para desenvolver meu controle motor.

Sim, entendi, já que ela explicou com tanta clareza. E lá fomos nós. Eu só podia ajudar a girar a peça para colocar na posição certa. Ajudar a encaixar, totalmente proibido. Para uma pessoa superprotetora como eu, prova de fogo. Eu digo que, se ela fosse minha filha, não teria aprendido a fazer nem metade do que faz, porque Rosana consegue forças para deixar que ela “se vire”, e eu teria feito absolutamente tudo para ela. É, sou mole.

Nosso grupo se enriqueceu no contato com a Ana Júlia. Desde bem pequena, ela nos dominou e mandou em nós. É o poder que ela tem, e sabe usá-lo com maestria. A música “Ana Júlia” fazia sucesso, e todo mundo vivia cantando para ela, que gritava de alegria. Eu gostava de ver os rapazes agradando aquela criança. Demonstravam amor e carinho sem medida. Chamavam de “lindona”, faziam parte do Ministério da Massagem no Ego que comentei no post anterior. E pensa num ego massageado. Isso, foi o dela.

Pois é, aprendi com ela, também, que as crianças que parecem indefesas não o são, necessariamente. Ela criou seus mecanismos e sabe como puxar os fios e nos fazer dançar como marionetes. E todos muito alegres por poderem obedecer sua majestade.

Precisei me acostumar a olhar para ela e ver a idade cronológica, e não a do desenvolvimento motor. No início, a tendência era conversar como se ela fosse sempre um bebê. Mas, aos poucos, verifiquei que ela é capaz de conversar de acordo com a idade cronológica, e que se interessa pelos mesmos temas que as crianças da idade dela.

Hoje, aos 15 anos, ela é uma mocinha alegre. Sempre rindo. Modelo, desfila no Fashion Inclusivo! Foi desfilar em Foz do Iguaçu… Tem amigos da idade dela. Sabe conversar com criancinhas e também com adultos. Gosta de assistir “Rebelde”, ama Justin Bieber, lê a saga Crepúsculo. E é muito bom ouvi-la contar os enredos, falar do sonho de se encontrar com o Justin e de conversar com ele. Tem Facebook, sabe encontrar os clips que deseja no You Tube. Sim, uma menina de 15 anos que curte a vida.

Não há motivo para ter pena dela. Há muitos motivos para admirá-la e querer se parecida com ela, quando eu conseguir “crescer”.