Claro que estamos sempre planejando. Cada dia. A próxima semana. O mês que vem. O ano novo. Planejamos com cuidado. Alguns são mais detalhistas. Outros gostam de seguir o rumo da correnteza. Mas é inevitável: fazemos planos.
Acho que talvez seja por causa do computador que nos facilita tanto o acesso a agendas, a planilhas e a outras ferramentas que nos ajudam a controlar nossas ações. Juntemos a isso a necessidade quase insana de tirar o máximo proveito de todas as situações e temos o inevitável: planejamento. Estudamos o tema, fazemos cursos, lemos livros de autoridades no assunto. Aperfeiçoamos nossa capacidade de organizar cada minuto do dia. E, de uma hora para outra, o inevitável acontece: o inesperado destrói nossa agenda tão bem elaborada.
Esse ano foi assim para minha família. Começamos o ano cancelando as férias na praia, planejadas desde setembro de 2012. Aliás, desde janeiro de 2012, quando, descansando em Natal, decidimos que em 2013 passaríamos as férias em Florianópolis, a predileção do papai. O vendaval chegou e carregou nossos planos. Daí em diante, foi assim o ano todo.
Vou falar na primeira pessoa, mas aconteceu com cada membro da família. Um dia, eu pensava que ia concluir um trabalho. Um telefonema, e lá ficava o trabalho em cima da mesa e eu corria para o hospital com o papai e a mamãe. Dias se passavam antes que eu pudesse voltar ao serviço.
Tinha alguma prova no dia X. Programava: de hoje até o dia X-1 não faço nada além de estudar. Nada disso! Mais uma cirurgia, mais dias de hospital, mais momentos de tensão. E muito pouco de livros e apostilas.
Não foi fácil. Mas a verdade é que a Bíblia, Palavra de Deus, a Verdade absoluta, já nos avisa: podemos fazer planos, mas a resposta vem sempre de Deus. O interessante é que sempre pensei nesse texto como nas situações acima, em que acontecem coisas que eu não queria. Bem, hoje, ou melhor, ontem, me dei conta de que a situação pode ser totalmente inversa: o que acontece pode ser muito melhor do que eu tinha planejado. Claro que já aconteceu antes, mas foi ontem que me dei conta disso com mais clareza.
O dia foi bem planejado. Papai internado, sem data para voltar para casa, à espera de resultados de exames que ninguém sabia ao certo quando sairiam. Eu tinha uma necessidade, digamos, supérflua: precisava ir ao salão acertar uma unha postiça que estava querendo sair do lugar. Dava para encaixar tudo. Eu e Flávia iríamos para o hospital por volta de 14h, meu salão era às 16h, eu voltaria para o hospital para ficar com meus pais, entregaria o carro para ela, que iria para o salão também. Ficaria no hospital até o final do horário de visitas: 22h. Depois, viria para casa, tensa e preocupada, triste por deixar os dois sozinhos.
As coisas começaram a sair do nosso controle quando Sérgio chegou em casa com o pé machucado – tinha levado um tombo de moto. Nós duas – eu e Flá – tínhamos que levá-lo ao TCU, onde estava o carro dele, antes de irmos para o hospital. Ok. Lá fomos nós. Rindo do coitado que passou a manhã fazendo coisas para os outros e acabou machucado.
Chegamos ao hospital, fomos para o apartamento, conversamos um pouco e já estava na minha hora de ir para o salão. Saí, constrangida, por deixar minha mãe lá, mas ela não se importou. Cheguei ao salão, encontrei minha amiga Léo, conversamos sobre a preocupação com o papai, internado sem sabermos o motivo. Falei que ia voltar para o hospital assim que saísse dali. De repente, percebi que meu telefone tinha uma porção de mensagens no WhatsApp da família. Já deu dor de barriga. O que teria acontecido?
Receosa, li a primeira mensagem, e todos os meus planos para o dia mudaram num piscar de olhos. Estava escrito: “O Edgar [o médico] acabou de dar alta para o vô”. Comecei a chorar de alegria imediatamente. Que mudança de planos maravilhosa! Em vez de voltar para o hospital, eu iria para a casa dos meus pais!!! Foi aí que eu pensei no versículo: “O coração pode fazer planos, mas a resposta vem do Senhor”. Sim, e não quer dizer que a resposta é alguma coisa que eu não quero. Pode ser algo que eu quero tanto que nem imagino que seja possível.
E que mudança de planos deliciosa!!! Quando cheguei à casa deles, tomamos capuccino. Logo, Clarice chegou e começou a mexer com as caixas de presentes de Natal que a Igreja dela distribui para crianças carentes. Todo ano quero ajudar e nunca dá certo. Ontem deu. Montei uma porção de caixas. Pedimos pizza. Conversamos e rimos. Eu e Renata sentamos no sofá e batemos um longo papo. A resposta do Senhor foi excelente. Meus planos eram péssimos.
Desde o início do ano eu tenho aprendido com mais eficácia que não sou dona de meu próprio destino. Nem de meu próprio cotidiano. E, na verdade, mesmo que muitas vezes os fatos nos levem a sofrer, não sejam bons como os que vivi ontem, a vida que não podemos controlar é muito mais empolgante do que a que planejamos nos mínimos detalhes. É, acho que gosto dessa aventura que Deus coloca na minha frente. Às vezes dá medo. Muitas vezes é difícil. Mas, se soubermos olhar pela perspectiva correta, será sempre empolgante.
“Prepara-se o cavalo para o dia da batalha, porém do SENHOR vem a vitória.” Prov. 21: 31
Considero realmente importante planejarmos, estabelecermos metas, buscar atingir determinados objetivos. Porém, sempre descansando no PAI, pois, d’ELE vêm a respostas.
Beijo,
Fred.
Isso aí, Fred!!!!!