Era uma vez uma vila muito linda, criada por um Ser muito poderoso das galáxias. Lá ele colocou um povo muito alegre, os Pulsantes. Eles viviam em completa alegria. Cada um tinha a profissão que preferia e, à noite, dançavam juntos sob a luz da lua e das estrelas.
Como nada é perfeito durante muito tempo, um malfeitor se aproximou da vila, às escondidas. Ele tinha uma habilidade terrível: implantava no cérebro de alguns bebês ainda na barriga da mãe uma válvula. E o que essa válvula fazia era muito ruim. Ninguém notava nada de diferente no bebê. Ele ia crescendo normalmente, feliz, dançando, brincando, trabalhando. Enquanto isso, a válvula agia, bem devagar. Ela injetava melancolia, angústia e doenças no Pulsante, e ao mesmo tempo tirava energia dele. Como tudo acontecia num ritmo bem lento, nem o próprio Pulsante vítima do Deprê se dava conta do que estava acontecendo.
Com o passar do tempo, se sentia cansado o tempo todo, não tinha mais vontade de dançar. Ia piorando aos poucos. Chegava o dia em que não conseguia mais trabalhar. Desse dia em diante, passava a ser chamado de Despulsante. Ficava o tempo todo deitado, sem forças para fazer nada. Por fim, acabava se arrastando para uma caverna próxima, onde vegetavam os Despulsantes mais fracos, todos deitados em posição fetal.
Os Pulsantes não entendiam nada daquilo. Davam conselhos aos Despulsantes, falavam para eles deixarem de preguiça, para se animarem, para não se preocuparem tanto com as coisas. Até cuidavam deles quando aparecia alguma doença, mas não sabiam que a doença era relacionada a todo o resto. E os coitados dos Despulsantes também não sabiam, e achavam que eram ruins, se sentiam muito culpados.
Alguns Pulsantes mais caridosos resolveram analisar mais o que acontecia com aqueles doentes. Achavam que tinha alguma coisa mais grave do que apenas tristeza e preguiça. Tanto fizeram que acabaram encontrando a válvula no cérebro dos coitados dos Despulsantes. Assim que a encontraram, passaram a tentar neutralizá-la. Depois de muito tempo, conseguiram encontrar um remédio.
Os Despulsantes melhoravam, mas não ficavam curados. Muitos nem ao menos conseguiam sair da caverna. Apenas conseguiam forças para voltar a sentar.
Os Pulsantes bondosos, porém, não desistiram. Descobriram que os Despulsantes precisavam fazer algumas coisas também. E explicaram aos doentes que eles teriam que fazer uma coisinha simples a cada dia. O que conseguissem. Tinham que sair da caverna e tomar sol. Nem que fosse por um minuto.
E foi aí que o terrível vilão Deprê começou a ser derrotado naquele lugar.
De manhã, uma porção de Pulsantes se dirigia à caverna dos Despulsantes. Davam o remédio e, com carinho, os ajudavam a sentar na cama. Alguns estavam tão fracos que só conseguiam ficar sentados por alguns minutos e depois tinham que se deitar de novo. Mas os Pulsantes não desistiam. No dia seguinte, o Despulsante conseguia sentar um pouquinho mais. Depois, ficava em pé. E chegava o dia em que conseguia tomar sol. Só um Despulsante entendia a alegria imensa que tomava conta de outro Despulsante no dia em que ele conseguia sentir o calor do sol na pele.
Assim, dando um passo a cada dia, com a ajuda constante dos Pulsantes bondosos, os Despulsantes foram se recuperando. Os estudiosos descobriram que cada vez que eles conseguiam fazer alguma coisa nova, o fluxo da válvula malvada no cérebro era invertido: ela passava a injetar energia e tirar melancolia, angústia e doenças. Estimulando cada vez mais a válvula no sentido contrário, com o tempo o Despulsante voltava a ser Pulsante. A caverna se esvaziava a olhos vistos. A alegria dos ex-Despulsantes era indescritível.
Eles não podiam, todavia, deixar de tomar cuidado, porque a válvula continuava lá. Ao menor sinal de despulsância, o ex-Despulsante procurava ajuda dos Pulsantes bondosos, que cuidavam dele para ele não correr o risco de voltar à caverna. Com esses cuidados especiais, nunca mais um ex-Despulsante decaiu ao estado triste em que se encontrava antes dos bondosos se dedicarem a ele.
Os estudiosos resolveram, então, identificar nos bebês, desde que nasciam, a presença da válvula malvada. Quando a encontravam, davam atenção especial a esses bebês desde o começo, para eles nunca chegarem a ser Despulsantes, nem por um dia sequer.
E assim, todos unidos em amor, venceram para sempre o terrível vilão Deprê.
E viveram felizes para sempre.
Amei…Eu já tive épocas de despulsamento também, mas nunca cheguei a ir pra caverna…
Quem não tem um dia de despulsante levante a mão… Muito bom, prima! Vamos ao sol!
Melhor (maldito corretor…): quem nunca teve um dia…