PISCINA DE NAVIO TEM FUNDO?

Essa dúvida existencial e profunda perseguiu minha tia Sarah, até o dia em que eu viajei de navio e informei a ela que tem fundo. Mas, de vez em quando, ela me pergunta se tem mesmo, se eu não a estou enganado.
Ela me pergunta se eu mergulhei para ver o fundo. Respondo que nem entrei, então ela responde que eu não posso ter certeza. Tia Sarah é Bótima!
O caso é que é gente demais para a piscina. Se não tivesse fundo, as pessoas ficariam pelo caminho. Sempre amei piscina, mas, depois que tenho a minha, adquiri certo nojo de piscinas públicas. E a do navio é mais do que pública. No dia em que ele não ancora, as pessoas passam praticamente o dia todo em volta dela.
Ali acontecem as atividades do grupo de animação. No Blue Dream, eles eram excelentes. Em determinados lugares, eu tenho vontade de afogar essa galera da animação. Eles não deixam a gente em paz, ficam insistindo com quem não quer participar. No Blue Dream eles eram simplesmente bons. A maior parte do pessoal participava das brincadeiras, sem eles ficarem insistindo no microfone, e até quem não entrava na farra se divertia apenas de olhar. Como eu e Sérgio não estávamos em turma, acabamos fazendo parte dos que só olhavam. Mas nos divertimos assim mesmo.
Um transatlântico continha vários mistérios para mim. Eu não podia imaginar como seria lá dentro. Em algumas horas, achava que me sentiria claustrofóbica, presa em um lugar de onde não poderia sair. Em outras, achava que me sentiria insegura, naquela coisa pequena no meio do marzão. Nem uma opção nem outra.
Parecia que eu estava em um shopping, e tinha meu quarto no shopping para descansar, tomar banho e trocar a roupa a qualquer momento que quisesse. Nada melhor. E curti o marzão o tempo todo – da piscina, da varanda e até da esteira na academia. Ê mundo velho sem porteira!!!!!
Minha cabine ficava no sétimo andar. Isso mesmo SÉTIMO. O lobby era no terceiro. A parte de lazer começava no décimo. Nem sei quantos elevadores. Mas eu e Sérgio preferíamos usar escada. Ele, para exercício. Eu, porque navio pequeno no meio do marzão e entrar no elevador era… forçar demais a barra!
Acredita que em uma semana com toda a comida deliciosa eu emagreci? Mas isso eu conto depois.

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UMA COISA TÃO BOA NÃO PODE CHAMAR "CRUZEIRO"

É. Não concordo. Pode chamar passeio ou viagem de navio. Ou, talvez, Atlético. Mas essa palavra impronunciável, jamais.
Preciso explicar: sou atleticana. De família. Acho que vem no DNA. Desconfio que nossas células possam ser pretas e brancas. Em Belo Horizonte, a rivalidade entre os dois times é imensa. Chamamos os torcedores do time azul de Marias, e, mais recentemente, de Smurfetes. Eles também têm nomes para nós, mas não nos importamos. Em família, esse time se chama o inominável, que nem o inimigo do Harry Potter. Aquele cujo nome não pronunciamos.
Brincadeiras à parte, a pessoa que inventou esse modelo atual de viagem de navio tinha minha pessoa em mente. Tem tudo a ver comigo. Absolutamente tudo.
Eu e Sérgio fizemos uma viagem de sete dias. Saímos de Santos, fomos até Porto Seguro e voltamos a Santos, no Blue Dream. (Será que o azul do nome do navio tinha alguma coisa ver com o inominável? Impossível. Era bom demais!!!!!)
Pensa em mordomia. No porto, a gente entrega as malas. Sabe onde elas aparecem, por milagre? Isso mesmo: na nossa cabine! Enquanto isso, a gente passeia pelos lugares maravilhosos do navio. Cada ambiente mais lindo do que o outro. O sistema era all-inclusive, ou seja, absolutamente tudo que a gente consumia dentro do navia estava pago. E tinha um drinque chamado Feliz Viagem que era o ó do borogodó. De frutas, azul, fraquinho. Diliça das diliças. Eu,o Sérgio, dois livros, duas espreguiçadeiras à beira da piscina e a moça perguntando se eu queria outro Feliz Viagem. Quis vários.
A cabine tinha sofá e varanda. Era linda, em tons de azul e amarelo. O banheiro, pêssego. Toalhas felpudas, metais dourados. Tudo muito bonito, de bom gosto. Não era apertado como eu imaginava e tinha ouvido falar. Nossas roupas couberam no armário, as malas também. Eu não quis descer em nenhuma parada. Só desci em Porto Seguro, porque não conhecia, e em Búzios, já à tarde.
A cabine era arrumada duas vezes por dia. No restaurante, a mesma garçonete nos atendia toda noite, e sabia o tipo de comida de que cada pessoa gostava, o tipo de vinho e de sobremesa. Uma gênia!
Bem, tudo isso vem à tona porque na próxima sexta-feira, lá vamos nós rumo a mais um Atlético! E este será especial: grande parte da família, muitos amigos, em um Encontro de Casais. São 250 pessoas!!!!! Com  certeza vai ser muito gostoso. Estou ansiosa. Mordomia e gente animada, uma combinação que só pode dar certo, muito certo!

Biblioteca. Nem ia achar ruim ter uma assim aqui em casa.

Lobby

O comandante gostou mais do Sérgio do que de mim!!!!!!!!!

Lojinhas inviáveis: tudo custa seis milhões de dólares!!!!!! Mas é bom olhar.

Nossa garçonete

“Lan-house”. Todo dia, e-mails básicos para os filhinhos.

Não falei? Sofá e varanda.

Nossos companheiros de jantar, todas as noites o mesmo casal. Batemos bons papos.

Em uma das noites, o Buffet Magnífico. Todas as comidas são assim: esculturas!

Sem fome nenhuma, mas TINHA que comer no Buffet Magnífico. KKK