O QUE SALVAR SE MINHA CASA PEGAR FOGO?

Tenho a resposta na ponta da língua. Não sei se, diante de minha casa em chamas, eu seguiria com meu projeto, mas eu sempre afirmo que pegaria o máximo de fotografias que pudesse.
Sou apaixonada por fotografia. Não artísticas, nem sou eu quem as tira. Sabe aquelas em que a família faz pose, todo mundo bonitinho e sorrindo? É, essas mesmo. Gosto de mexer com elas. Arrumar os álbuns, organizar em ordem cronológica. Amo fazer Scrapbooks. Cada página pronta é contemplada infinitas vezes.
Minha casa é repleta de porta-retratos. Sérgio também curte as fotos. Gosto de inventar com elas. Fazer clipes com música e dar de presente. Fiz um mural lindo para o quarto do Serginho, com fotos dele desde recém-nascido até adulto. Experimentei os scraps digitais, fiz uma agenda para o Sérgio, um livro para a Amanda, mas não é minha praia. Prefiro pegar as coisas, gosto do alto relevo dos enfeites na página.
Tenho cerca de 40 álbuns de 200 fotos cada um, meticulosamente organizados. Só guardo as que me agradam. Se não gosto de alguma coisa, jogo logo fora. Pra que guardar uma coisa de que não gosto? Assim, devo ter jogado fora quase o mesmo tanto de fotografias que arquivei.
Há algumas fotos fora de ordem, mas eu coloco um aviso nelas: FORA DA ORDEM CRONOLÓGICA!!!! A primeira foto nos meus álbuns é da minha mãe, ainda adolescente, de trancinha. Daí em diante, eles contam minha história, que é a nossa história, a da minha família.
A Bíblia tem um versículo que eu amo. No meio de uma devastação completa, sua nação destruída, seu povo levado para o cativeiro, o profeta Jeremias disse: “Quero trazer à memória aquilo que pode me dar esperança”! É isso que as fotografias fazem comigo. Trazem a esperança.
A gente só fotografa momentos alegres. Ninguém pega a câmera e sai clicando quando está em meio ao sofrimento. Alguém falou que ninguém é tão feliz quanto aparece no Facebook. Claro. Pra que colocar ali as dificuldades? Queremos lembrar do que dá esperança.
Às vezes, eu me sento e pego um dos álbuns, aleatoriamente. Em meia hora, posso percorrer uns 10 anos de vida. Meus filhos correm, riem, brincam. Volto aos lugares onde moramos antes. Dou um replay em diálogos. A história editada que as fotografias apresentam mostram que a gente é feliz.
Nunca, em nenhum dos momentos naqueles álbuns, vivi sem problemas ou preocupações. Não existe vida sem contratempos, dificuldades, obstáculos, tristezas. Mas as fotos mostram que sempre fomos felizes, mesmo com tudo isso. Mostram, também, que as coisas ruins ficam para trás, mas as boas continuam com a gente pela vida toda. Por isso relaciono as fotografias com relembrar o que dá esperança. Não só podemos ser felizes no meio das dificuldades. Um dia, de alguma forma, elas vão passar, não tenho nada que me obrigue a lembrar delas. No entanto, cada foto, é um marco para me ajudar a reviver de um momento de alegria.
É, não tenho dúvida. Na casa pegando fogo, quase tudo mais poderia ser reposto, mas minhas fotos…

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