O medo é meu companheiro desde que me entendo por gente. Vou listar uns poucos:
- fim do mundo
- câncer
- ser enterrada viva
- ladrão embaixo da cama
- amputar alguma parte do corpo
- muita água em movimento
- lugares fechados
- altura
- dor física
- filhos serem sequestrados
- qualquer estouro
Onze são suficientes para dar uma ideia. O medo me paralisava. Eu me deitava e logo dormia. Lá vinha um pesadelo com alguma coisa dessas, eu acordava apavorada, e ficava horas na cama, sem coragem de me mexer. Não sabia que aquilo era nada mais nada menos do que um ataque de pânico. À medida que eu crescia, o medo de plantão mudava, mas as crises de pânico só diminuíram depois que comecei a me tratar com terapia e remédios. Hoje, praticamente não acontecem mais.
O fim de semana passado foi um tratamento de choque. Fomos a Foz do Iguaçu. Muuuuiiiiiita água em movimento. Quando dei por mim, estava em um barquinho, com um colete salva-vidas fedido, rumo às CACHOEIRAS!!!!!!
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JURO que essa cabeça aí é minha! |
Bem, chegar até o bote já tinha sido uma aventura, no meio da mata fechada. Tinha teia de aranha e tudo. Diz o guia que tem onça também, mas, felizmente, não apareceu nenhuma.
Depois do barquinho, almoço e… as cataratas do lado brasileiro. Quando a gente chega bem pertinho, a passarela é furadinha, então a gente vê a água embaixo e em cima. Renata e Marcos me arrastaram até a beiradinha. Sofri, mas fui!
E, como visto acima, até tirei foto! Na hora de sair desse lugar aí, a injúria das injúrias: elevador lotado, com vista para a cachoeira! Eu simplesmente me recuso a entrar em elevadores lotados, mas não tinha outro jeito. Fui! Que alívio quando entrei na van para voltar ao hotel! Estava até tonta. Mas eu sabia que no dia seguinte a coisa seria ainda pior.
Do lado argentino, a passarela furadinha é muito mais comprida, sempre em cima da água. A gente anda mais de um quilômetro vendo o rio correr por baixo dos nossos pés! Mas eu fui! E os mirantes são EM CIMA das cachoeiras. A beirada das placas furadinhas é inteiriça, então andei o quilômetro de ida e o de volta pisando nos encontros das placas. KKKKK
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De noite, no hotel, eu fechava os olhos e só via esse tanto de água mexendo. Até tremia… |
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Ai, ai!!!!! |
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Essa foi a pior: além de furadinha, passava EM CIMA da cachoeira. Depois que venci, falei: “Pronto, passei de fase!”. |
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Pensa numa pessoa agoniada! |
Consegui! Na volta, não aguentava mais, e andei o mais rápido possível (não muito rápido, porque tinha que medir os passos para pisar nas emendas das placas…) e, em terra firme, declarei:
– Chega! Terapia de choque tem limite!
Minha casquinha tem recebido muitas coisas divertidas. O fim de semana de tratamento de choque foi, com certeza, MUITO divertido. Não perdi o medo, mas o enfrentei. Alguém aí tem mais algum desafio? Ah, no sábado acho que vou de moto até o Jerivá comer empadão goiano. Estou ficando impossível!