GRANDES MUDANÇAS NA CASQUINHA

O medo é meu companheiro desde que me entendo por gente. Vou listar uns poucos:
  1. fim do mundo
  2. câncer
  3. ser enterrada viva
  4. ladrão embaixo da cama
  5. amputar alguma parte do corpo
  6. muita água em movimento
  7. lugares fechados
  8. altura
  9. dor física
  10. filhos serem sequestrados
  11. qualquer estouro
Onze são suficientes para dar uma ideia. O medo me paralisava. Eu me deitava e logo dormia. Lá vinha um pesadelo com alguma coisa dessas, eu acordava apavorada, e ficava horas na cama, sem coragem de me mexer. Não sabia que aquilo era nada mais nada menos do que um ataque de pânico. À medida que eu crescia, o medo de plantão mudava, mas as crises de pânico só diminuíram depois que comecei a me tratar com terapia e remédios. Hoje, praticamente não acontecem mais.
O fim de semana passado foi um tratamento de choque. Fomos a Foz do Iguaçu. Muuuuiiiiiita água em movimento. Quando dei por mim, estava em um barquinho, com um colete salva-vidas fedido, rumo às CACHOEIRAS!!!!!!
JURO que essa cabeça aí é minha!
Bem, chegar até o bote já tinha sido uma aventura, no meio da mata fechada. Tinha teia de aranha e tudo. Diz o guia que tem onça também, mas, felizmente, não apareceu nenhuma.
Depois do barquinho, almoço e… as cataratas do lado brasileiro. Quando a gente chega bem pertinho, a passarela é furadinha, então a gente vê a água embaixo e em cima. Renata e Marcos me arrastaram até a beiradinha. Sofri, mas fui!
E, como visto acima, até tirei foto! Na hora de sair desse lugar aí, a injúria das injúrias: elevador lotado, com vista para a cachoeira! Eu simplesmente me recuso a entrar em elevadores lotados, mas não tinha outro jeito. Fui! Que alívio quando entrei na van para voltar ao hotel! Estava até tonta. Mas eu sabia que no dia seguinte a coisa seria ainda pior.
Do lado argentino, a passarela furadinha é muito mais comprida, sempre em cima da água. A gente anda mais de um quilômetro vendo o rio correr por baixo dos nossos pés! Mas eu fui! E os mirantes são EM CIMA das cachoeiras. A beirada das placas furadinhas é inteiriça, então andei o quilômetro de ida e o de volta pisando nos encontros das placas. KKKKK
De noite, no hotel, eu fechava os olhos e só via esse tanto de água mexendo. Até tremia…
Ai, ai!!!!!
Essa foi a pior: além de furadinha, passava EM CIMA da cachoeira. Depois que venci, falei: “Pronto, passei de fase!”.
Pensa numa pessoa agoniada!
Consegui! Na volta, não aguentava mais, e andei o mais rápido possível (não muito rápido, porque tinha que medir os passos para pisar nas emendas das placas…) e, em terra firme, declarei:
– Chega! Terapia de choque tem limite!
Minha casquinha tem recebido muitas coisas divertidas. O fim de semana de tratamento de choque foi, com certeza, MUITO divertido. Não perdi o medo, mas o enfrentei. Alguém aí tem mais algum desafio? Ah, no sábado acho que vou de moto até o Jerivá comer empadão goiano. Estou ficando impossível!

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