ESCREVER UM LIVRO?!?!

Muita gente me diz para escrever um livro. Sei que meu público é tendencioso, formado por parentes e amigos, em geral muito caridosos em sua apreciação de meus textos. Sendo o público assim seleto, claro que ninguém comenta o que não gostou, ninguém aponta erros. Agradeço de coração…
Sim, tenho vontade de escrever um livro. Faz parte dos meus sonhos. Entendo que todos temos histórias a contar, e que as de uma pessoa enriquecem as outras. Não sou a única que deveria escrever, muitos também deveriam. No entanto, nossas escolas, em vez de incentivar a escrita, inibem as crianças, que não aprendem a se expressar com palavras. É pena, porque muita coisa se perde pela vida, já que não temos mais o costume da transmissão oral dos fatos.
Toda vez que me proponho a uma nova empreitada, a primeira coisa que faço é estudar o tema. Estudar muito. E descobri que existem livros que ensinam a escrever livros! Parece piada, mas não é. Muita gente ganha dinheiro ensinando as pessoas a realizarem o sonho de ver seu nome na capa de uma obra publicada.
E comecei a estudar, como já disse. E uma das coisas que todos os livros repetem: se você quer escrever, comece com um blog. Tem que escrever todo dia. Pelo menos um pouco, mas tem que ser todo dia. Obediente, aqui estou eu. De segunda a sexta, praticamente todas as semanas. Hoje, pela primeira vez, NADA. Não penso em nada para escrever. Não lembro qualquer assunto que me empolgue.
Tenho uma lista de temas prováveis, mas não encontrei um sequer que me empolgasse. Tentei lembrar algum jeito de assustar criancinhas, alguma lerdeza… nadica de nada.
O que fazer? Não há outro remédio a não ser dizer… nada. E esperar que amanhã eu tenha alguma ideia bem legal!
Para escrever, outro ensino unânime, é que precisamos ler. Bem, essa parte eu tenho garantida. Leio de tudo. De romance Nora Roberts a tratados de teologia. Em uma livraria, minha maior tristeza é pensar que jamais terei tempo de ler todos aqueles volumes. Quem sabe, de hoje para amanhã, leio alguma coisa que me dá ideia para um post caprichado. Tomara!
Em casa, em um navio ou numa estação de metrô em Paris, sempre arrumo alguma coisa para ler:

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SOARING

Existe uma atração maravilhosa no Epcot Center, com este nome: Soaring. Um voo delicioso sobre um dos lugares mais lindos do mundo: a Califórnia. Do litoral escarpado aos desertos, sobre as vinícolas do vale de Napa, entre as montanhas do parque de Yosemite, a atração, que inclui até cheiro do mar e das plantações de laranja, sempre me remete a viagens inesquecíveis com meus amados.
Soaring é uma das muitas palavras que não têm tradução exata. Uma mistura de voar sobre alguma coisa, sem esforço, algo como planar, mas envolve mais movimento. E, essencial: tranquilidade. Não implica em ausência de dor, nem de tristeza. E implica em certa solidão.
Hillsong tem uma música que fala em soaring over the storm. Para caber na música, a letra foi traduzida como “voar sobre a tempestade”. Mas o original tem muito mais conteúdo.
É muito difícil to soar sobre as tempestades desta vida. Como  manter tranquilidade, calma, paz, quando enfrentamos momentos de grande preocupação e ansiedade? Nessas horas, eu tenho uma preocupação a mais: e se ela (a depressão) resolver dar as caras? Ok, ok, conselheiros de plantão, eu já sei: Deus está no controle, todas as coisas cooperam para o bem…, ele nunca permite que enfrentemos mais do que somos capazes de suportar, etc, etc. Tá bom, sei de tudo isso, ninguém precisa repetir, por favor!
A verdade é que há situações em que até a pessoa mais positiva, até as mais cheias de fé, sofrem e se preocupam. Não falo aqui daquela preocupação doentia, que nos deixa descontrolados, mas a defesa natural diante de problemas que preferimos não ter que enfrentar. Duvido que exista um ser humano sobre a face da Terra capaz de viver sem se abalar diante das barreiras em seu caminho.
Sendo assim, o que seria to soar over the storm? Eu acredito que seja o que Jesus falou: pegar a cruz e seguir. Significa prosseguir com a vida alegre, com as atividades agradáveis, com as coisas que gostamos de fazer, apesar de qualquer problema que nos aflija. Já fiz isso antes, e sei que voltarei a fazer, caso as circunstâncias me levam a isso. Prefiro não precisar de soar acima de nada, a vida sem tempestades é mais fácil. No entanto, já aprendi a planar por cima delas, sei que não é fácil, mas é possível.

Soaring over o braço esquerdo paralisado
Soaring over a depressão e as perdas (minha formatura…)