Tenho um irmão dois anos mais novo do que eu. Não me lembro de quando ele nasceu. Parece que sempre esteve presente. Mamãe fala que não demonstrei ciúme, e acho que foi assim mesmo, porque eu não sou ciumenta (desde que sejam excluídos meus sobrinhos – deles eu tenho MUITO ciúme). Isso é brincadeira. Não é, mesmo, um sentimento que me incomode.
Eu era uma “adulta” de nove anos quando nasceu a Cristina. Escrevi sobre isso em outro post: http://rabiscosdaclaudia.blogspot.com/2011/03/sao-tantas-emocoes-encantamento.html.
E, quando eu tinha 15 anos, chegou minha irmilha. Irmã + filha. Se minha mãe não fosse tão MÃE, eu, com certeza, teria assumido o papel, mas mamãe não abre mão de uma filha por nada neste mundo.
Papai queria um menino. Mamãe, durante a gravidez, para ser sincera, não queria nada. Clarice foi um susto. Eu sempre repito que os bebês não planejados não são rejeitados. Os pais rejeitam a ideia de mais um filho. Quando a criança chega, ninguém mais se lembra de que não queria aumentar a família. Foi assim lá em casa.
Mas não comigo. Eu curti a gravidez da mamãe desde o dia em que fiquei sabendo. Fiz manta e casaquinho. Tudo azul, porque ia nascer o Fernando. Na era pré-ecografia, a gente só sabia o sexo na hora em que o bebê nascia. Estranho, né? Pois escolhi o nome Fernando, e tricotei e teci como doida para o bebê. Felizmente tive a boa ideia de misturar um pouco de cor de rosa na mantinha. Até o cobertor era azul.
Clarice se chamou “neném” durante alguns dias. Papai decretou que, como já havia duas “Cs”, o nome teria que começar com a mesma letra. Fizemos listas e listas. Mas eu estava lendo Música ao Longe, de Érico Veríssimo. A heroína, Clarissa. Papai disse que parecia cavalariça, mas eu queria o nome. Eu cedi um pouco, ele também, e ficou Clarice.
Ainda bem que não era Fernando. Não seria a explosão de alegria que é a Clarice. Ninguém seria como ela. É única. A criança mais animada que conheci, mais cheia de imaginação. Além disso, não seríamos as irmãs Graça, e é tão divertido isso!!!!!!
Como contei no meu post sobre a Cristina, mamãe não me deixava pegá-la no colo. Mas, com a Clarice, eu já tinha a vasta idade de 15 anos, e não pedia permissão. Ela vivia no meu colo. Ia comigo para a universidade, o cabelereiro, as reuniões na igreja, o cinema e tudo mais. Eu dava banho, mamadeira, trocava fralda, fazia tudo que mães fazem. Desde que ela nasceu acontece uma coisa muito engraçada. As pessoas perguntam se é minha filha. Quando eu digo que não, a pessoa fica toda sem jeito, mas eu estou tão acostumada que acho a coisa mais normal.
Desde que ela nasceu, senti ser minha incumbência cuidar dela, em todos os sentidos. Nas épocas em que não pude fazer isso, orei, e Deus colocou as pessoas certas em volta, para fazer o que eu não era capaz.
Mas minha irmilha cresceu. Me deu duas nipotinas (em italiano, nipoti é a palavra usada tanto para neto quanto para sobrinho – sintomático). As coisas se inverteram. Hoje ela cuida de mim muito mais do que eu dela. Quando enfrento problemas, é ela que me pega no colo.
Sábado, no dia do aniversário dela, eu estava isolada, sem internet nem celular, e não dei parabéns. Então aqui vai: PARABÉNS, CLARICE. GRAÇAS A DEUS QUE VOCÊ NÃO É FERNANDO!!!!!!!
Obrigada por cuidar de mim…
Ah, que lindo Claudia, fico sempre emocionada com demonstração de amor para pessoa que também amo!!! Vocês são pessoas especiais!Beijos Dani Hora.
Tão especiais quanto você, Dani!!!!!!! Beijos.
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