Estou muito sem tempo hoje, preciso concluir uma tradução, mas lembrei de uma história durante o sermão de ontem, e tenho que contar, ou melhor, relembrar.
Rev. Garrison falava português muito bem. Não cometia erros gramaticais. Já o vocabulário, às vezes, pregava peças nele.
Certa vez, vovó comentou com ele:
– Minha impressão é que, ao preparar seus sermões, o senhor analisa cada palavra e pesquisa com cuidado nos dicionários para encontrar a mais adequada.
Ele respondeu:
– É exatamente assim!
Claro que teve sotaque carregado até o final da vida, e que, na conversa informal, lá vinham os deslizes inevitáveis de uma pessoa falando uma língua que não é a seu idioma natal.
Certa noite, após pregar o sermão praticamente perfeito de sempre e de encerrar o culto com a oração e o hino, pediu que ficássemos mais um pouquinho, pois queria fazer um pedido de oração especial. Havia um homem doente, com problemas mentais, e ele queria pedir para orarmos.
E contou:
– Foi muito triste essa semana. Eu fui ver nosso irmão fulano de tal no sanitário.
Começou uma risadinha aqui, outra ali, todo mundo querendo disfarçar, já que, além de ninguém desejar magoar o pastor, o assunto era muito sério e triste. Ele nos conhecia bem, e logo falou:
– Errei, ê? Eu treinei muito: sanitário, sanatório, sanitário, sanatório. Achei que tinha decorado…
Aí a gente caiu na gargalhada mesmo. Mas oramos, e o irmão pode sair logo do “sanitário”.