SILHUETA

Minha prima Ângela me contou um fato engraçado na sexta-feria passada. Uma mulher (gorda) perguntou a ela:
– Como você perdeu sua silhueta?
Muito educada, Ângela respondeu:
– Engordando.
Mais desaforada, eu gostaria de ter dito:
– Do mesmo jeito que você.
Bem, esse é um assunto delicado para toda a imensa maioria da população que se encontra acima do peso. Na verdade, acho que só quem não tem o que comer não pensa em emagrecer. Não conheço uma única pessoa que não se preocupe com seu peso. As exceções são algumas atrizes e modelos que declaram, na maior cara de pau, que não cuidam da dieta nem fazem exercício.
Bem, há vários anos eu risquei alguns comentários da lista dos que podem sair de minha boca.
Por exemplo: se eu entrar em uma maternidade e passar por mim uma mulher com um barrigão imenso gritando de dor, eu jamais perguntarei se está grávida. E, se alguém me contar que está indo ter o bebê, faço a maior cara de planta e comento:
– Puxa, nem parece!
A principal responsável por eu ter tomado essa decisão foi minha mãe. Há 26 anos, para ser bem exata, estávamos em uma sauna, em Caldas Novas. Sei o número de anos porque eu estava grávida da Flá e da Dani. Tinha uma moça com uma barriga de uns 5 ou 6 meses de gravidez. Lembro como se fosse hoje. Ela estava na ducha, e minha mãe, comentando que eu estava grávida, perguntou:
– E o seu, para quando é?
Se olhos lançassem mísseis, minha mãe teria virado pó.
– Eu NÃO estou grávida.
Como estávamos em trajes de banho e biquini não tem bolso, não tinha nem lugar para enfiar a cara. Ali começou a tomar forma minha decisão de não fazer ESSA pergunta para ninguém.
Anos depois, estávamos no hospital, Cristina tinha acabado de ter a Fernanda. Mamãe, eu, Cristina e Clarice temos uma característica maravilhosa. O bebê nasce e a barriga da gente volta ao normal quase que imediatamente. Quando Serginho nasceu, eu saí do hospital com um vestido acinturado do tempo que era solteira.
Bem, Cristina precisava andar um pouquinho pelo corredor, e fomos. Ela estava com um roupão leve, bem bonitinho, praticamente sem barriga. Do lado oposto, vem uma moça, coitada, com a camisola do hospital, toda desgrenhada, com um barrigão enorme, se arrastanto, agarrada no braço da acompanhante. Cruzamos com ela umas duas vezes, demos aquela balançadinha de cabeça para cumprimentar, até que mamãe não aguentou:
– Será que o seu vai nascer ainda hoje?
– Nasceu ontem.
Se a coitada não estivesse em situação tão precária, teria atacado minha mãe. E mamãe ainda pisou:
– Ah, a da minha filha também.
Imagino o que a mulher pensa sobre a torturadora do hospital até hoje.
Isso selou minha decisão de JAMAIS perguntar se está grávida, ou quando o bebê vai nascer.
Outra decisão que tomei foi não comentar sobre aumento nem diminuição de peso. Coisa chata é gente que fica comentando:
– Você emagreceu! Você engordou, né?
Larga do meu pé, chulé!
Conheço uma mulher que todo santo domingo tinha que analisar o desempenho de meu peso. Dei tanto fora nela que acabou desistindo. Se ela dizia que eu tinha engordado, eu falava que tinha emagrecido 5kg. Se ela me achava mais magra, eu falava estava preocupada pelo aumento do peso. Ela não conseguia acertar uma. Acabou desistindo. É uma boa estratégia.
Coisa aborrecida é você ter aumentado um monte de quilos, saber disso, querer emagrecer e não conseguir, e ainda aguentar os outros comentando.
Afinal de contas, por que o peso da gente incomoda tanto as outras pessoas? Por que todo mundo fica analisando nosso desempenho na balança? Conheço gordinhas muito bonitas e magras horrorosas. Também conheço magras lindas e gordinhas pavorosas.
E há feias e bonitas de coração maravilhoso, assim como de coração péssimo.
Então, parei de observar o peso alheio. Assim como sou observadora atenta do meu peso, faço questão absoluta de ignorar por completo as variações do peso alheio. Claro, a não ser que a variação seja grande. Aí, não tem quem não note que a pessoa perdeu a silhueta. Mas, perguntar como isso aconteceu, ou tomar a iniciativa de comentar o assunto, isso eu juro que não faço.
Ah, e já consegui emagrecer 11kg. Vou devagar, mas sempre!!!!!!!!!

A gorda, além de tudo, não tem bom gosto. Minha prima é linda!!!!!! A foto foi tirada no aniversário dela, e comemos bastante, o que atrapalhou, um pouquinho, nossa silhueta. KKKKK
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