82,5

Como faço todas as manhãs, fui conversar com Cicinha, uma de minhas melhores amigas. Ela foi logo dizendo:
– 82,5.
– Obrigada, Cicinha. Estava com medo de ter problema mais grave.
– Não, hoje foi isso mesmo. Mas acho melhor você ir malhar, ainda mais agora, com o blog.
Minha amizade com Cicinha já dura uns dois anos. Ela fala SEMPRE a verdade. Jamais esquecerei o dia em que ela gritou, sem a menor cerimônia:
– 89,9!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! O que você vai fazer a respeito?
Eu sabia, exatamente o que precisava fazer e pedi:
– Cicinha, por favor, não chegue a 90.
Com ar bondoso, ela respondeu:
– Também não quero, mas não sei mentir. Se você pisar em mim e for 90, eu vou gritar 90, não tem jeito.
No mesmo dia eu e Sérgio nos matriculamos na academia. Lá tem uma Ciçona, daquelas de médico, que confirmou o que minha amiga já tinha dito: 89,9. Fico feliz em dizer que consegui reverter o rumo do processo e nunca Cicinha precisou me mostrar o 90.
A maioria das pessoas tem medo das Cicinhas da vida. Eu as considero amigas leais. Quando a gente faz tudo certinho, se alimenta direito e faz exercício, elas sempre nos recompensam com elogios. Mas jamais desperdiçam elogios que não merecemos.
Minha Cicinha é linda. Quadradinha, de vidro transparente. Digital. Se eu quiser ela me conta meu IMC também, mas é número demais para eu me preocupar com eles. Isso eu deixo por conta do WiiFit, que grava tudo e só me informa se subiu ou desceu. Cicinha não tem memória tão boa. Felizmente. Ela nem se lembra do dia dos 89,9. Até hoje, só eu, Cicinha, Sérgio e o instrutor da academia sabíamos desse segredo. Mas eu não me importo de contar. Já joguei fora um saco de arroz e quase metade de outro. Pensa numa pessoa animada.

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