Fui ao supermercado hoje. Eu AUDEIO supermercados, com toda a força de minha fúria assassina. Que fazer? É uma das poucas tarefas de dona de casa que eu realizo.
Coisas engraçadas acontecem, claro.
Um grande problema para uma pessoa altamente obsessiva, como eu, é não enxergar soluções fáceis para as dificuldades. E, quando o caso é mercado, eu fico totalmente cega.
Há vários anos, eu só fazia compras no Carrefour. Dava aula para os adolescentes na igreja, e, um dia, não me lembro a troco de quê, comentei com eles sobre a raiva que eu sentia do supermercado. Falei que tinha que conviver com isso, já que preciso abastecer a casa. Gustavo Foizer me perguntou, com a maior simplicidade:
– Ué, tia Cláudia, por que você não vai ao Pão de Açúcar?
UAU!!!!!! Que garoto esperto! A pergunta do Gu me fez ver que eu não sou obrigada a frequentar um determinado estabelecimento. Posso mudar a meu bel prazer. Como eu nunca tinha pensado antes em fazer as compras em outro lugar? Já respondi antes: sou obsessiva, não enxergo isso.
Depois que o Gu me ensinou isso na aula em que eu deveria ensinar alguma coisa a ele, adquiri outra obsessão: procurar um mercado que me agrade. Já frequentei quase todos em Brasília.
O mais próximo aqui de casa é o Extra. Foi o meu carrasco por algum tempo. Mas lá tem uma coisa que eu detesto: uma mulher anunciando as ofertas o tempo todo pelo microfone. Pior do que mercado, só mercado com a mulher me enchendo a paciência. Eu passo o tempo todo corrigindo os erros de português. E não compro DE JEITO NENHUM, só de birra, o que ela anuncia.
Mudei para o Walmart. Silêncio. Musiquinha de fundo. Suportável.
Não sei se todos sabem, mas todos os mercados têm um caminho. Eu sigo por ele, sem me desviar nem para a direita, nem para a esquerda. Se esquecer alguma coisa, nada de voltar. Fica para a próxima compra. Ou peço ao Sérgio para ir a um mercado e comprar para mim.
Algumas coisas a pessoa tem que comprar todas as vezes: Nescafé, papel higiênico (tem uns mil rolos aqui em casa, mas eu não consigo não comprar), ossinhos para os cachorros, escova de dente (tem umas mil também), sabonete (idem) e outras coisitas mais.
Penso que, como vou sozinha, é no mercado que dou mais liberdade às minhas obsessões. Não tem ninguém para achar esquisito.
O carrinho tem que ter todas as coisas em número par. Como comprar 3 latas de leite condensado? Tem que ser 2 ou 4.
Outro dia, enfrentei uma situação extrema. Peguei na prateleira uma (só uma pode) caixa com vários sabonetes. Continuei as compras e, perto do final, verifiquei que ela continha 5 unidades. Pânico total. O que fazer? Voltei para a prateleira. Devolvi a caixa e comecei a discutir comigo:
– Não vou levar, tem 5.
– Isso é loucura. Vou pegar.
– Tá esquisita essa caixa aqui dentro do meu carrinho. Tem 5!!!!!!
– Já sei. Pego um avulso.
– Não tá combinando. Vou devolver o avulso.
Parada ao lado da prateleira, eu sentia um incômodo profundo. Como tenho anos de terapia, consegui vencer a maluquice e decidi comprar a caixa com 5 sabonetes. Minha sensação era de que ela era do tamanho de uma geladeira. Só pensava naqueles 5, ímpar!
Me sentindo completamente inadequada, paguei as compras. No caminho para casa, me dei conta do que todo mundo já pensou:
– Ah, eu podia ter comprado duas caixas!
É assim. Não consigo raciocinar. Dá para entender por que acho o Sheldon Cooper tão engraçado?
E preciso dizer, também, que tanto o Sérgio quanto a Dani já se ofereceram para assumir essa missão de ir ao mercado para mim, mas, em minha obsessão, não consigo passar para eles. Vai entender…
Adorei. Eu tb não teria pensado em comprar duas caixas rsrsrsrs bj Edi
Ótimo!!!!Acho que o Kleber vai se identificar com a correção do português da "indivídua"….rsrsrsr e o Claudio se identificou totalmente com as compras em números pares….rsrsrsrRECOMEÇA, RECOMEÇA!!!!!!
Eu também tenho minhas manias loucas… Hahahahah Vou escrever sobre isso…