Não tenho a menor ideia de qual seria minha comida predileta. Acho que simplesmente não tenho.
Bem, não tenho para comer, mas tenho para ver os outros comendo.
Sou um desastre completo na cozinha. Quando meus filhos eram pequenos, eu me esforçava para fazer alguma coisa. Uma noite, resolvi fazer macarrão com salsicha. Depois de muito lutar contra as panelas, coloquei a gororoba na mesa. Ninguém comeu. Ofendidíssima, falei que ia dar para a cachorrinha, que comia de tudo, até brócolis. Ela cheirou, cheirou e… foi embora. Desse dia em diante aceitei que sou “kitchen challenged”.
Mais ou menos nessa época do macarrão recusado pela Pimentinha, fui a Belo Horizonte. Conversando com minha prima Silvane, ela me disse que ama cozinhar. Que até o misto-quente da tarde ela fazia com prazer para as filhas. Senti tanta inveja! Eu também fazia o bendito misto-quente, mas sem qualquer emoção parecida com prazer. Quando muito, certa alegria pelo dever cumprido.
O tempo passou e eu desisti. Em minha casa, tudo é feito pela empregada que entende do assunto (treinada pela minha mãe…) ou comprado.
Ah, mas um dia… Eu estava no salão, e as manicures comentaram uma receita de macarrão. Logo pensei: “Ah, isso eu dou conta de fazer”. Fiquei radiante! Com calabresa e creme de leite, que o pessoal aqui em casa ama. Adotei.
Foi um sucesso instantâneo. Descobri o prazer que a Silvane sentia ao fazer o misto-quente. Chamei a família (pais, irmãos, cunhados, sobrinhos, etc…) para provar! Todo mundo gostou. Ah! Cláudia, a cozinheira! De mão cheia. Me senti próxima à tia Nastácia. Passei a dar a receita aos outros. Mais uma vez, passei de fase no jogo. Aprendi a fazer uma comida de que as pessoas gostam…
Logo o macarrão virou “o macarrão da tia Cláudia”. O Marcos de vez em quando me pede para fazer para ele. Bem, hoje eu já ensinei para a empregada e ela é quem faz, mas continua sendo o MEU macarrão.
Eu gostaria de saber cozinhar. Aliás, gostaria de gostar de cozinhar. Mas não sei e não gosto. No entanto, isso não impede que eu encontre uma receita facílima, gostosa e que, com isso, faça aquilo de que mais gosto e que, modéstia a parte, sei fazer: receber a família na minha casa e atender as vontades…
Bem, aí vai minha receita dificílima de seguir:
– 1 pacote de macarrão de lacinho (tem um nome certo, mas eu não decoro)
– linguiça calabresa (na receita era uma, mas como o pessoal gosta muito, coloco duas, ou até três)
– 2 latas de creme de leite
– 2 latas de pomarola
– 750 ml de água
Frite a linguiça. Depois, coloque na panela de pressão, com todos os outros ingredientes. Feche, ponha no fogo. Quando ganhar pressão, deixe cozinhar por cinco minutos. Pronto.
Na hora de servir, muita risada. Se tiver uma piscina em casa, sirva à beira da piscina. Fica mais gostoso. Se estiver chovendo, faça como vamos fazer hoje: dentro de casa, acompanhado com um vinho gostoso. De qualquer maneira, reúna as pessoas que você ama em volta desse macarrão. Garanto que será a melhor comida do mundo…
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