Tradutores gostam de palavras que não têm tradução exata. São divertidas e desafiadoras.
Os falsos cognatos também oferecem desafio extra: precisamos conhecer bem as duas línguas para não cair na armadilha. Um exemplo clássico em inglês e português é “eventual”. Em inglês significa que no final acabará acontecendo alguma coisa. Em português, que algo acontece de vez em quando. Bem, estou divagando. Voltemos às que não têm tradução exata.
Schedule. Planejamento é uma boa opção. Mas a palavra em inglês envolve marcar data, tempo, hora, duração, o que será feito, de que forma acontecerá. É bem mais abrangente. Awsome. Uma coisa maravilhosa, que nos deixa de boca aberta, que causa um espanto imenso. Downsizing. Encolher, diminuir o tamanho, minimizar.
Bem, tenho me esforçado para “downsize” minha vida. Pergunto: de quantos livros uma pessoa precisa? quantos CDs somos capazes de ouvir? a quantos filmes conseguimos assistir (tendo em vista, inclusive, as inúmeras opções oferecidas a todos momento pelos canais a cabo e pela internet)? quantas roupas conseguimos vestir? quantos sapatos? quantos cremes, perfumes, shampoos, sombras, batons, esmaltes, lápis de olho e etc. conseguirei consumir durante minha vida? quantos enfeites de Natal minha casa comporta? de quantos pratos, copos, talheres, panelas e vasilhas preciso?
Posso afirmar, sem qualquer sombra de dúvida, que, se você acessou um computador e está lendo meu blog, assim como eu, tem uma infinidade de coisas que não usa em sua casa.
Não sou consumista. Não ao extremo. Mas não tem jeito: acabo comprando coisas de que não preciso. Livros. CDs. Cosméticos. Material para artesanato – lãs e tudo que envolve scrapbooks. São minhas quatro áreas problemáticas.
Há algum tempo, a manutenção dessa enormidade de pertences vem me incomodando. Dá trabalho carregar essa trouxa imensa o tempo todo. A casa vai ficando cheia demais, os armários, entupidos. E as coisas, na verdade, não servem para nada. Não há tempo para usufruir de tudo que possuo.
Comecei um processo de “downsizing”. A primeira parte foi com os livros. Eram quase dois mil. De verdade. Catalogados, guardados em ordem no armário do escritório. A primeira providência eu já tinha tomado há algum tempo: restringir as compras ao mínimo. Compro apenas livros que fazem grande sucesso, que todos comentam, e que eu quero conhecer. Por exemplo, a biografia do Steve Jobs. Não me arrependi, li e gostei muito. Mas a gana de entrar em uma livraria e sair com quatro ou cinco livros que ficam na fila dos que ainda não li eu consegui controlar. Já há muitos não lidos olhando para mim toda vez que abro o armário ou olho minha mesinha de cabeceira.
No Natal passado consegui diminuir um pouco os enfeites de Natal. Mas ainda ocupam um espaço imenso. Pelo menos estão mais organizados.
Viajar muito para os Estados Unidos foi extremamente útil para me ajudar a controlar a compra de roupas. Acho tudo caro demais aqui… Então, quando viajo, faço umas comprinhas (não muita coisa) e… ainda tenho roupas que não usei guardadas no armário. Sinal de que não precisava delas, poderia ter poupado meus dólares.
E os filmes? Temos muiiiiiiitos. Que ninguém assiste. O rack da televisão tem uma gavetona enorme repleta deles. Qualquer hora eu ataco a gavetona, ela que me aguarde.
Cheguei à conclusão de que as coisas que a gente acumula e não usa dão um trabalho enorme. Seja para manter a casa em ordem, seja um trabalho mais mental, de preocupação com os objetos. Não gosto de acumular, penso que aquilo que não usamos vai servir para outras pessoas, vai ser útil em algum lugar.
Os livros que doei deram início a uma biblioteca em uma igreja. Aqui em casa, eram peso morto. Fiquei tão feliz com isso!
Em breve vou retirar pratos, copos e talheres que estão aqui ocupando lugar no armário. Sei que serão úteis em algum lugar também, vão deixar meus armários mais agradáveis, mais confortáveis.
Bem, o processo de “downsizing” vai continuar. Ele me faz bem. Gosto de me livrar do peso morto. Gosto de saber que outros estão usando o que servia para nada aqui em casa.
É engraçado, quando me desfaço das coisas eu me sinto mais leve, como se tivesse emagrecido. Pensando bem, são processos bem semelhantes. Um tão importante e gostoso quanto o outro…
Aceito doações de livro Tia Cláudia! hahaha
Muito bom o post!
Felipe, da próxima vez eu reservo alguns para você.
hahahaha, beleza tia!
Aqui em casa,comecei a limpeza com os brinquedos do Lipe e os meus sapatos. Mas livro,acho inconcebível doar um livro que comprei e não li.O bichinho ficou um tempão esperando para ser lido,para que as letras em suas páginas criassem vida em minha mente e aí eu o passo adiante sem ao menos tê-lo lido.Isso é uma injustiça! Eu primeiro leio e depois faço a doação.
O processo tem sido lento,mas pouco a pouco eles estão saindo da minha estante.Um por vez.
Viva o downsizing!
Cris, eu só dei livros lidos!!!!!! Os não lidos estão ali, à minha espera. Aliás, aquela agenda do livro que você me deu é excelente. Registro tudo lá. Obrigada, de novo!
Kkkkkkkķ! Livros para serem lidos? No mínimo 40. Fora os que aguardam há no mínimo 1 década para serem relidos! Dvds,duas gavetas devidamente (?) organizadas e,aos montes,entulhados, para serem DEVIDAMENTE guardados,porém não faço a mínima idéia onde. Livrarias e lojas de bijuterias me PUXAM pra dentro…bijus? Compro até em paradas quando viajo. Material e revistas de trabalhos manuais? Só a misericórdia de Deus,pois não tenho animo nem para comecar o DESAPEGO. Vem aquela dúvida. .. e se eu tiver animo para trabalhos manuais? E se eu resolver começar a ler?? E se…e si…e si? Jane
Claudia,meus comentários quase viram cartas. Pode me dar seu email? Jane
Oi, Jane. Só vi seu comentário hoje, me desculpe (lê meu post de hoje que você vai entender). Meu e-mail é claudiazillerfaria@gmail.com.