Era uma vez, numa galáxia muito, muito distante, um menino chamado Edu. Estava sempre com um chapeuzinho de pirata. Por isso, todos o chamavam de Chapeuzinho. Era inteligente, esperto, estudioso. Às vezes, a mãe de Chapeuzinho se preocupava. Pensava que ele talvez fosse esperto demais.
Chapeuzinho de Pirata amava jogar bola de gude e de trocar figurinhas. Por algum mistério inexplicado, sempre voltava com mais bolas e mais figurinhas do que antes do jogo. Dava um jeito de enrolar os amiguinhos e “se dava bem”, como se costuma dizer.
Um dia, a mãe de Chapeuzinho o chamou e disse que ele já estava grandinho, já podia atravessar a floresta e ir levar doces para a vovozinha. Alertou quanto ao perigo do lobo, mas Chapeuzinho não tinha medo de nada. Logo que saiu de casa, bolou um plano.
O lobo apareceu. Chapeuzinho, muito esperto, foi logo falando:
– Oi, seu lobo, tudo bem? Sabia que agora vou levar doces para minha avó? Toda semana.
Ninguém nunca tinha falado com o lobo daquele jeito, e ele ficou interessado no menino. E Chapeuzinho explicou seu plano. Ele tinha uma cesta cheia de doces. Os dois poderiam dividir os doces, cada um ficava com um pouco, e deixavam alguns para a vovó. O lobo achou a ideia muito boa. E assim fizeram. A vovó ficou triste por receber poucos doces, mas se conformou, pensou que a filha não tinha tido tempo de fazer mais, ou tinha faltado dinheiro para comprar os ingredientes.
Chapeuzinho de Pirata vendeu seus doces e escondeu o dinheiro em um buraco bem fundo no quintal. Fez uma placa grande e escreveu: “Não se aproxime! Perigo! TRUST!”. Como ninguém sabia o que era trust, ninguém se atreveu a ir ver o que tinha no buraco. E Chapeuzinho foi juntando ali seu dinheiro.
A vovó, cada vez mais preocupada com a diminuição da quantidade de doces que chegava à sua casa, um dia perguntou à filha:
– Filha, por que você tem mandado poucos doces? Está sem dinheiro?
A mãe de Edu respondeu que não e que, se a mãe estava achando pouco, ia mandar mais. Daí em diante, Chapeuzinho levava duas cestas, e mais vezes por semana. Ele e o lobo começaram a lucrar mais. Usando sua esperteza, Chapeuzinho ficava sempre com mais doces do que o lobo. Depois, se ofereceu para vender os doces do lobo e comprar carne para ele. E passava a perna no lobo de novo, claro. Comprava menos carne do que deveria e mandava mais dinheiro para o buraco trust.
Sempre que queria comprar alguma coisa, ia até o buraco e pegava dinheiro. Se alguém perguntasse como tinha conseguido comprar aquilo, Chapeuzinho dizia que tinha recebido como presente, que tinha amigos muito generosos. E foi juntando dinheiro, cada vez mais, até ter um montão e precisar de vários buracos para esconder. Na verdade, ele se transformou em um lobo devorador.
Só que um dia o lobo de verdade cansou. Ele era lobo mas não era bobo. Contou para todo mundo que Chapeuzinho de Pirata o enganava. Chapeuzinho negou. Disse que recebera de presente todos os brinquedos caros que tinha. Alguém criou coragem e foi até os trusts e desenterrou o dinheiro todo. Ele falou que nada daquilo era dele, que era tudo dos trusts.
Bem, chegara, enfim, o dia de descobrirem que Chapeuzinho era Pirata. Agora todo mundo sabia que ele enganava a mãe, a avó e o lobo. Sabe o que ele fez? Chamou um monte de gente, falou que ia se afastar por algum tempo, até chorou! Só uma coisa ele não fez: admitir que tinha errado e que precisava pagar por seus erros. Vestiu uma fantasia de cordeirinho. Mas, como o cordeirinho é bem menor do que um lobo, dava para ver direitinho que ele continuava lobo.
Chora, Chapeuzinho! Agora você não engana mais ninguém e vai ter que devolver todo o dinheiro que roubou da mãe, da avó e do lobo. Talvez até passe um bom tempo na cadeia, porque roubar dinheiro de mãe e avó é crime muito sério. Pelo menos aqui, nesta história “imaginária”, que tem final feliz.
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