Essas palavras se encontram no livro Crônicas da Família Schönberg-Cotta, uma obra antiga, que pertence à minha tia Célia. Chegou às minhas mãos e eu simplesmente devorei. Devolvi com tristeza, porque não existe hoje para comprar. Já procurei em sebos, pesquisei na internet e nada. O livro é tão antigo que não tem nome do autor, e muito menos da editora que, com certeza, não existe mais. Conta, em forma de diário, a história de uma família que viveu na mesma época em que Martinho Lutero. No princípio, vivam dominados pelo medo constante de pecar. Não riam, não brincavam, a vida era apenas trabalho e medo de Deus. Ao serem confrontados com a verdadeira mensagem do cristianismo, de liberdade, alegria e amor, alguns membros da família rejeitaram, outros aceitaram de todo coração.
Tecla, uma das filhas, logo mudou seu modo de agir. Começou a rir, fazer piadas, a desfrutar da beleza do cenário que a cercava. E foi criticada por seus irmãos. Eles diziam que ela não deveria viver tão despreocupada, que alguma tragédia poderia estar bem à frente em seu caminho, por isso ela precisava se preparar. E ela respondeu com essa pérola preciosa que coloquei acima.
Eu li esse texto poucos dias antes da morte do meu sogro. Copiei em meu diário, digitei, imprimi e pus no quadro de avisos do escritório. Nem me passava pela cabeça que enfrentaria a perda tão triste. Quando ele se foi, no entanto, me lembrei de que eu tinha aproveitado bastante a luz do sol, enquanto Deus a deu.
Não vivo pensando em tragédia. Não sou pessimista, muito antes pelo contrário. Sempre acredito que tudo vai acabar bem, sei que Deus está no controle. Mas, em uma dicotomia estranha, faço como a Tecla. Aproveito tudo que posso ao máximo, porque, se os dias tenebrosos voltarem a bater à minha porta, terei certeza de que desfrutei da luz do sol.
Fico triste quando vejo as pessoas jogando no lixo oportunidades para se divertir, para ter momentos de descontração, para ter novas experiências. Dificilmente eu me fecho para o inesperado, para o diferente. A luz do sol se manifesta de muitas formas diferentes. Pode ser um passeio, uma mudança na vida, uma comida nova, uma pessoa desconhecida, tempo com nossos queridos. Tantas coisas boas a fazer…
Talvez eu vá, amanhã, de moto, até o Jerivá, aqui perto de Brasília. Ainda não estou totalmente decidida, inclusive porque tem chovido bastante, mas acho que vou. É desconfortável, o capacete vai fazer minha cabeça suar, vento, a moto não tem uma poltroninha atrás como a que alugamos nos Estados Unidos… Mas é uma turma legal, o passeio vai ser divertido. Por que não? Luz do sol… Se temos hoje, vamos aproveitar!
Umas poucas facetas da luz do sol:
Em poucos dias planejamos e realizamos uma festa junina divertidíssima:

O primeiro momento abaixo foi inesperado. Às duas da tarde fiquei sabendo que às oito da noite embarcaria para Orlando. O segundo, inusitado. Pulei na garupa do Sérgio e fomos de moto de Miami a Key West! Quem me conhece sabe que não é coisa que se espere de mim. Só minha malinha de cremes já enche todo o “porta-malas” da moto… E olha a cara boa nas duas situações.

 Os cachorrinhos que escolhi transformar em meus amiguinhos:

“Não quero, por nada deste mundo, acrescentar trevas aos dias tenebrosos, se é que eles hão de vir, com o amargo pesar de que não gozei da luz do sol.”