Ante-ontem, no meu post SÓ MUDA O ENDEREÇO (https://claudiazillerfaria.com/2012/03/19/so-muda-o-endereco/), contei que eu sempre me achei muito diferente do papel tradicional das mães, mas que, por causa do que aconteceu domingo, descobri que sou bem semelhante às minhas companheiras de status familiar.
Penso, penso e penso mais. Depois de muita terapia, descobri que sou uma pessoa introvertida. Esse termo costuma ser entendido da forma errada. Introvertida não quer dizer tímida, quer dizer voltada para si mesma, com tendência a pensar, pensar e pensar mais. Segundo a psicóloga que descobriu essa minha característica, eu me encaixo quase 100% nas definições técnicas do tipo. Falou que é difícil alguém ser tão introvertido quanto eu. Por isso sou capaz de me isolar do mundo à minha volta e mergulhar nos meus pensamentos, qualquer que seja o ambiente em que esteja.
Pronto, divaguei, e isso não tem nada a ver com o tema de hoje, mas foi para explicar porque pensei tanto e cheguei a descobrri que sou igual às outras mães há muito tempo. Ou, talvez, desde sempre.
Foi, de novo, a Daniela. Com a Flávia, ela começou a fazer caratê antes de completar cinco anos. Serginho já fazia, e o professor as aceitou. Aliás, Edson, o sansei deles, foi pessoa muito importante na formação dos três. Outro dia, eu me encontrei com ele e me senti feliz por ter oportunidade de agradecer todo o carinho que ele dispensou aos meus filhos, os conselhos sábios e equilibrados que deu a eles.
Flá e Dani eram o xodó dele. As duas sempre foram muito, digamos assim, ativas. Começaram a fazer natação com sete meses, por causa de bronquite, e os esportes sempre foram parte importante da vida delas. E amaram o caratê desde o primeiro dia. Bem, no primeiro dia, a Flá disse que ia fazer balé. Comprei roupa cor de rosa, tutu, sapatilha, tudo. Arrumei dos pés à cabeça. Saiu da aula chorando, porque tinha comprado tudo de balé, mas preferia caratê, como a Dani. Lá fui eu atrás de outro quimono, claro.
As duas estavam prestes a completar seis anos quando participaram do primeiro torneio. Pensa numa coisa linda. Aquelas duas de cabelinho bem pretinho, iguaizinhas, fazendo os movimentos com firmeza e seriedade na frente dos juízes. Eu babava, o pai babava, o Serginho babava e o Edson também.
Como eram bem pequenas, foram das primeiras a se apresentar, e tínhamos que esperar todos os outros, antes de termos o resultado final. Era alguma data especial, com churrasco em nossa casa, então Sérgio foi embora e eu fiquei esperando. Serginho também fez a apresentação dele, e eu lá, esperando os resultados. Sozinha.
Enfim, chegou a hora. Dani ficou em primeiro lugar, Flávia, em segundo. Eram poucas crianças da idade delas, mas eu fiquei muito feliz assim mesmo, claro! Elas pegaram os troféus, sentaram no lugar na fila, muito comportadas (depois de terem quase derrubado o ginásio enquanto esperavam as outras apresentações – existe um filme que não me deixa mentir).
Eu olhava para os lados, para ver se alguém me identificava como mãe daqueles pequenos prodígios. Nada. Os outros olhavam para os filhos deles como se tivessem conseguido tanto sucesso quanto os meus. Que indiferença!
Mas, aí, veio a cereja do bolo. Anunciaram que havia um prêmio para atleta revelação daquele ano. E… Dani ganhou!!!!!!!!!!! Aí eu não aguentei e comecei a dizer para todo mundo que estava perto de mim que era minha filhinha. Não sei por que eles não se empolgaram, não ficaram em pé para aplaudir. Eu, claro, chorei! Felizmente havia o Edson para compartilhar minha exultação.
Pois é, acho que tem muito tempo que eu sou igual, e nem tinha me dado conta disso. Sou tão igual que acho que sou diferente…