Keyla Dâmaso postou no Facebook, na semana passada, a foto ao lado. O pai dela, seu Oséas, tão amado por todos que participavam da IMAS no tempo em que ele também estava conosco, cruzando a linha de chegada de “apenas mais uma” das muitas maratonas que disputou, com seu netinho Igor no colo. O que isso tem a ver com a comemoração do nosso meio século de existência?
Vamos por partes, como diria Jack, o estripador. Essa maratona comemorou um dos aniversários de Brasília. Por todo o percurso havia postos de distribuição de água e Gatorade. Nossa igreja ficou responsável por um deles, no Eixo L, na altura da 210 Sul.
Caprichamos na produção. Tínhamos até um trio elétrico, tocando música bem animada para incentivar os atletas e transmitir nossa mensagem maior de vida em Cristo. No final das contas, ganhamos o prêmio de “Melhor Posto de Distribuição de Água”. Foi merecido. Nós “arrebentamos a boca do balão”. Torcíamos, incentivávamos, gritávamos.
Mas o que a gente queria, mesmo, era ver chegar nosso atleta predileto. Isso mesmo, seu Oséas.
Um dos motivos que destacou nosso posto foi a presença de gente de todas as idades. Minhas filhas, aos 5 anos de idade, participaram ativamente. E também não esqueço de dona Maria Luiza, junto com as netas Carol e Juju. Com a bolsa atravessada pelo corpo, andava de um lado para outro, distribuindo Gatorade até para quem não queria. Chegou um rapaz exausto. Ela:
– Vem aqui, meu filho, tenho um suquinho que vai te fazer um bem enorme!
Deu Gatorade para o cara, falou para ele respirar um pouco e depois:
– Agora vai embora, terminar a corrida.
E ele foi.
Dali a pouco chegou outro, também em péssimas condições. Ela chamou:
– Vem aqui, eu tenho um suquinho que faz milagres. Chegou um outro aqui, ainda pior do que tu estás, eu dei do meu suquinho e ele saiu como uma chispa.
E lá foi outro, recarregado. E assim vezes sem conta.
Mas a gente queria o seu Oséas. E ele não aparecia.
Aliás, fazendo um aparte, o dia foi de muita preocupação. Enquanto distribuíamos água e “suquinho” para os corredores, dona Ábia estava internada na UTI. A gente ria, se divertia, orava por ela, parava e tentava ter notícias, tudo ao mesmo tempo. Depois do horário de visita na UTI, Bia foi distribuir água conosco… Sei lá, o povo de Deus é meio maluco mesmo. Chora e ri ao mesmo tempo.
Bem, voltando à maratona, de repente, o grito:
– LÁ VEM ELE!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Nosso trio elétrico começou a tocar aquela música de “Carruagens de Fogo”. Nós, gritávamos e chorávamos de emoção. Até hoje, ao digitar isso, sinto um nó na garganta. Ele chegou. Parou. Tomou água. Teve que tomar o suquinho milagroso da dona Maria Luiza. Ficou um pouquinho com a gente. Tinha lágrimas nos olhos. E continuou, muito mais aclamado do que o vencedor da maratona.
No domingo seguinte (uma semana depois), ele estava de chinelo na igreja, porque os pés ainda não tinham sarado. E contou que ia desistir de concluir a prova quando chegou ao nosso posto. E não esqueço das palavras dele:
– Mas, quando vi minha igreja em peso torcendo por mim, e pensei em minha família na linha de chegada à minha espera, eu decidi que iria até o fim, custasse o que custasse.
E foi. Eu não sabia que ele havia cruzado a linha de chegada com o Igor. A cereja do bolo. Meu herói!!!!!!!!!!
Se nossa vida é uma verdadeira maratona, podemos contar com nossa igreja para torcer por nós quando estamos prestes a desistir, e também podemos ter certeza de que nossa “família” nos espera na linha de chegada.
E não posso deixar de dizer: QUE SAUDADE DO SEU OSÉAS!!!!!!!!!!!!! DA DONA MARIA LUIZA!!!!!!!!!!!!!! DA DONA ÁBIA!!!!!!!!!! E de muitos outros, mas cito esses três porque participaram deste post.
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Lindo demais, me emocionei, lembrando dos meus que já foram
e fazem tanta falta…..