Tirar foto em avião é meio brega, né? Mas estávamos tão felizes que não conseguimos nos controlar… Íamos para Orlando, comemorar o aniversário do meu pai. Segundo minhas contas, a quarta vez que eu ia com a Zi.
Essa minha sobrinha sabe ser charmosa. Desde bem pequena, sabe combinar roupas, jogar uma echarpe aqui, um cinto ou uma bolsinha ali, e criar um look especial. Ao contrário da tia, que veste a roupa exatamente como saiu da loja, com os acessórios que a vendedora aconselhou.
Uma vez, a Zi devia ter uns três anos e estava aqui em casa. Meio gripadinha, com o nariz entupido, ela se deitou na minha cama. De repente, se queixou:
– Ai, tia, meu nariz está tão fraquinho!
Até hoje ela é assim, expressa coisas comuns de formas diferentes. Não se prende ao que todo mundo fala e faz.
Isabela foi uma bebê difícil. Chorava muito, só ficava no colo da mãe dela, não aceitava ninguém mais. Quando começou a crescer, em vez de ficar mais fácil, foi ficando mais difícil: levada da breca. Aprontava todas. Não vou revelar a história dos saquinhos de plástico escondidos no armário porque ela poderia cometer um “tiacídio”, mas foi das piores travessuras que já chegaram ao meu conhecimento.
Em todo esse tempo, no meio das piores bagunças, a alegria e o amor que ela sempre demontrou por mim me desarmavam. Como dar bronca naquela coisinha ruiva que abria o maior sorriso na hora em que a coisa ficava feia para o lado dela?
Isabela cresceu para se tornar uma adolescente centrada. Cheia de energia, alegre, pronta para curtir a vida. Sob meus protestos, vai, ano que vem, fazer intercâmbio. De novo: Por que essas meninas não ficam sossegadas em casa, perto da tia?
Isabela está com um problema nos joelhos. Passou por momentos difíceis, escapou por pouco de uma cirurgia. Deve ter tido suas horas de raiva, de revolta, mas nunca em público. Mesmo andando com a ajuda do andador do vovô, estava sempre sorrindo, confiante no tratamento. Tão novinha e tão sensata. Fez todo o tratamento necessário, obedeceu as instruções do médico e, agora, prossegue com atitude positiva para aprender a conviver com o problema incômodo nos joelhos. Um bom exemplo para muita gente mais velha e reclamona.
Em meu texto sobre a Júlia, falei como é difícil escrever só sobre uma gêmea e que eu tentaria separar bem o conteúdo das duas. Mas há uma coisa que as duas fazem, e que eu quero deixar registrado, porque me comove muito.
Eu estava em depressão. Sentia-me descorada. Isso mesmo, sem cor, sem vida. Vi um filme em que, a certa altura, um personagem encontra uma mulher e diz a ela:
– You are glowing!
Em um aula na igreja, da qual Zu e Zi participavam, comentei que gostaria que isso acontecesse comigo. Que eu recuperasse meu brilho, que as pessoas que me encontrassem pensassem que eu estava, realmente, transpirando vida.
Desse dia em diante, minhas sobrinhas me dizem, muitas vezes, em momentos especiais:
– Tia Cláudia, you are glowing!
Posso afirmar que, pelo menos nesses momentos, eu realmente brilho de alegria.
Muito obrigada, Zu e Zi!
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